segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Imprensa:

«Vida em minúsculas


Durante o conflito nos balcãs o escritor espanhol Francesc Miralles, autor de Amor em Minúsculas, passou o Inverno num campo de refugiados na Eslovénia. Ver pessoas privadas de quase tudo, mas sem perder a capacidade de sorrir, foi a sua experiência vital.

Texto Teresa Violante


Basta olharmos uma vez para Francesc Miralles para termos a certeza de que fardas e ordens militares não combinam com ele. Alto e tímido, ele exala tranquilidade. Por isso, e para fugir ao serviço militar obrigatório em Espanha, optou pela prestação social de substituição. Aos 27 anos, Francesc viu-se num campo de refugiados bósnios e conheceu Boris, o homem que mudou a sua vida.

É num simpático café na zona histórica de Lisboa, no Chiado, que nos conta esse momento vital. "Como eu sabia pouco de servo-croata, pois já tinha viajado muito pelos Balcãs, mandaram-me para um campo de refugiados bósnios para trabalhar numa escola", recorda. Aí conheceu Boris, outrora baixista de sucesso numa banda de rock no Canadá. De ascendência eslovena, vivia o imaginário das estrelas de música: mulheres, concertos e dinheiro a rodos. Até que um dia observou uma fotografia sua e viu-se num bar repleto de copos vazios, após um concerto. Apercebeu-se então da superficialidade que o rodeava. Sem olhar para trás fez as malas e regressou à Eslovénia. "Conhecer esta pessoa e as coisas que me ensinou...", suspira Francesc Miralles. "Ele ensinou-me que todas as experiências são um privilégio. Se te aborreces, se estás irritado ou descontente, é porque não estás a olhar para o lugar certo. Ensinou-me a desfrutar das pequenas coisas, daquilo que seria o Amor em Minúsculas da vida", explica, parafraseando o título do seu livro. Para Francesc, a experiência não podia ter sido mais reveladora. "Foi muito importante conhecer de perto pessoas privadas de tudo mas que têm momentos de alegria e acabam por ter uma vida quase normal. Aprendi que a capacidade de adaptação do ser humano é quase infinita".

Atento aos pormenores, o autor de Amor em Minúsculas valoriza coisas simples e simultaneamente grandiosas como a magia das ruas estreitas de Lisboa, ou a marca do passar do tempo revelada em casa pedra ou edifício. E felicita-se com as reacções positivas ao seu recente romance, já traduzido em nove idiomas, escrito em resposta ao desafio da sua editora: "um livro que tenha um gato e que seja sobre solidão". Apaixonado por felinos, Francesc imaginou o que poderia ter sido a sua vida se, como tudo levava a crer, se tivesse tornado professor universitário após concluir a licenciatura em Filosofia Alemã. "Mas tinha muito medo dos alunos", confessa. "Amor em Minúsculas é uma história muito intimista de amor e amizade". Afinal, são estas as minúsculas da vida que a tornam, para cada um de nós, maiúscula e cheia de significado.»


Gingko, Novembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Imprensa:

A Mecânica do Coração
Mathias Malzieu


«A história do pobre Jack começa na noite mais fria do mundo, em Edimburgo, no ano de 1874, quando nasce com um defeito congénito. Por sorte, a parteira, uma mulher de engenho, instala no peito do nascituro um mecanismo de relógio de cuco. O tom está dado para esta narrativa cheia de peripécias e aventuras, amores empolgados, conquistados e perdidos, em viagens por Paris e Andaluzia, em regressos mais ou menos tristonhos ao lugar de partida. Mathias Malzieu (n. 1974), escritor e vocalista da banda de rock francesa Dionysos, manuseia bem os diversos movimentos e andamentos de um conto do maravilhoso, a que também costumam chamar «contos de fadas». De facto, Madeleine é uma fada à sua maneira, mas também lhe chamam bruxa, enfim, o vocabulário dos néscios é sempre curto. Mas ela tinha um receio, a de que o seu pequeno sucumbisse, deixando-a: «O amor é perigoso para o teu coraçãozinho», garantia, o que era uma rematada mentira. O facto é que o pequeno Jack conhece o Sr. George Méliès, esse mesmo, um dos pioneiros do cinematógrafo, que o acompanha na demanda de Miss Acácia, a pequena cantora andaluza. Bom, aqueles amores parece que estavam destinados a um grande equívoco, o que é pena. Mas tudo visto, este livro é uma pequena maravilha, acreditem. Só quem não sentiu o coração a funcionar como um relógio descompassado não sabe. Paciência.»

Revista LER, Dezembro 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Crítica:
Blog Estante de Livros



«Shamim Sarif é uma escritora inglesa, com raízes indianas e sul-africanas. Para além de escrever, é também realizadora e argumentista, tendo adaptado este "O Mundo Invisível" ao grande ecrã no decorrer do ano passado. A sua forte ligação com a África do Sul inspirou-a a escrever este livro, cuja história decorre no início da década de 50 do século passado, poucos anos após a implementação do apartheid. Para quem não está muito a par deste conceito, tratou-se de um regime implementado na África do Sul em 1948, sustentado pela lei, e que consistia numa série de regras que davam o poder aos brancos e remetiam os restantes povos a uma existência separada, completamente desprovida da maioria dos direitos que, nos dias de hoje, consideramos fundamentais para a existência da igualdade.

Neste contexto, vamos seguindo a história de duas mulheres: Amina e Miriam. As duas têm raízes indianas e, por isso, são vítimas das rígidas leis que a implementação do apartheid trouxe consigo. Amina é uma jovem independente, "maria-rapaz", que gere um café (em parceria com o seu amigo Jacob) e que tenta levar a sua vida o mais longe possível de toda a segregação que vê à sua volta. Miriam é uma dona-de-casa, mãe de 3 filhos, no seio de uma família conservadora, que se casou com Omar porque a sua família assim o entendeu. O encontro entre estas duas mulheres vai fazer com que Miriam comece a perceber que fazer as coisas de determinada forma apenas porque é aquilo que dela esperam pode, na maioria das vezes, não ser motivo suficiente para o fazer. O livro aborda também o assunto tabu (infelizmente, continua a sê-lo nos dias de hoje) do amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Mas isso é um detalhe irrelevante: o que é importante reter é que, independentemente de idades, sexos, raças ou religiões, o amor não deve conhecer barreiras.

Este livro teve o condão de me fazer interessar pelo que se passou na África do Sul na segunda metade do século XX (o apartheid foi apenas legalmente abolido em 1994), a tentar compreender o que leva alguém - ou um grupo de pessoas - a definir legalmente, entre outras coisas, quem se pode ou não amar. Sou da opinião que, para enfrentarmos o futuro, temos de compreender o passado. E analisar o apartheid permite-nos não só encarar extremos inconcebíveis da segregação racial, mas também perceber que a raiz da discriminação (seja ela de que natureza for) é algo que está presente no ser humano quase desde sempre. Felizmente, nos dias que correm muitas destas coisas deixaram de fazer qualquer sentido, mas continuam a existir racistas, homofóbicos e pessoas que não param um segundo para pensar que todos deveríamos ter os mesmos direitos

"O Mundo Invisível" é um livro bem escrito, com uma história cativante, que leva o leitor a folhear página atrás de página levado pela curiosidade do que vai acontecer e de como irá a história terminar. A questão é que ela não chega realmente a terminar... O final aberto deixa à imaginação do leitor o destino das personagens cuja vida acompanhou durante algum tempo. Não sou grande fã de finais abertos, mas compreendo a intenção da autora ao querer que este relato fosse uma "fotografia" da vida destas duas mulheres, durante um determinado espaço de tempo. O certo é que foi uma leitura que me deu prazer, que me fez pensar, que me fez aprender. Altamente recomendado.

9/10 - Excelente»

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Crítica:
Blog Bela Lugosi Is Dead







«Aguardei com grande ansiedade a publicação da obra de Mathias Malzieu em Portugal. A sinopse falava de um “conto de fadas para adultos, ao estilo de Tim Burton ou Lewis Carrol”. Sendo fã destes dois autores, e sendo o escritor o vocalista de uma banda rock francesa, fiquei bastante curioso com a obra.

A Mecânica do Coração conta a história do escocês Jack que nasce no dia mais frio do ano. O seu coração congela e a Drª Madeleine, uma espécie de feiticeira, substitui-o por um relógio de madeira. Mas para sobreviver, Jack não pode sofrer emoções fortes como a cólera e o amor. Um dia, uma cantora da Andaluzia vai colocar o seu coração em perigo, pois ele vai apaixonar-se por ela e iniciar uma jornada em busca do amor.

Devo dizer que as minhas já altas expectativas com este livro foram superadas. Mathias Malzieu é um verdadeiro mágico das palavras e consegue tornar uma história em prosa numa digressão poética pelos sentimentos do protagonista. As descrições, metáforas e comparações conseguem ir do dramático ao divertido sem complicações. É impossível ler a história do pequeno Jack sem ficar enternecido ou com um sorriso no rosto. A história é de uma inocência e emoção tal que ficamos com vontade de voltar à pureza de sentimentos da nossa infância e adolescência.

É inevitável comparar a peculiaridade das personagens com as de Tim Burton ou até Lewis Carrol, mas Malzieu fá-lo sem copiar e conseguindo a proeza de ser original num género cada vez mais saturado. Além disso, é bastante interessante Jack cruzar-se com algumas personalidades “míticas”, como é o caso de Jack O Estripador e Georges Méliès.

Tive imensa pena de o livro ser tão pequeno (140 páginas), pois gostava que a minha relação com a história durasse mais tempo. Podia ter havido um maior desenvolvimento das personagens e da acção, sendo que isso não retiraria qualidade ao livro. Outro aspecto que pode fazer confusão ao leitor é a inclusão de certas metáforas referentes a elementos contemporâneos. A história passa-se em finais do século XIX e é escrita na 1ª pessoa. Por isso, é estranho quando Jack refere Charles Bronson ou helicópteros.

A Mecânica do Coração é um livro que aconselho vivamente a quem aprecia um conto de fadas maduro e com algumas metáforas transponíveis para a actualidade. Genuíno, negro e terno, é uma obra que revela o potencial de um novo contador de histórias na literatura mundial. Uma pequena grande surpresa neste final de ano Fantástico. – Fábio Ventura»


Daqui: http://belalugosiisdead.blogspot.com/


ISBN: 978-989-666-020-8; N.º de páginas: 144; Dimensões: 15 × 23; Preço c/ IVA: € 16,00

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Imprensa:

À Beira do Abismo, Raymond Chandler


«Como o seu improvável colega de escola P. G. Woodhouse, Raymond Chandler manufacturava objectos nostálgicos. Fixou na imaginação popular uma paisagem intemporal e imediatamente reconhecível – Los Angeles, gabardinas, chuva, noir – erguida não nas plausabilidades do realismo mas no puro artifício. Como Wodehouse, como Hemingway, como Graham Greene, Chandler pertence a uma linhagem simultaneamente austera e barroca, com uma economia estatística cuja unidade básica é o maneirismo de escrivaninha. A sua grande inovação foi a comparação cínica e concisa na qual a informação essencial é comprimida e brutalmente arremessada: pestanas que se abrem “como cortinas de teatro”, caules de plantas como “dedos de mortos acabados de lavar”… Os seus romances são frequentemente elogiados por terem dado “atmosfera” ao romance policial, mas o propósito do seu estilo não é tanto evocar um ambiente como registar um modo específico de olhar para as coisas. “À Beira do Abismo” está narrativamente à beira do abismo (o enredo é caótico, e pelo menos um dos crimes é arquivado pelo autor), mas, com um narrador omnisciente, a história desfaleceria por completo, o estilo de Chandler e a personalidade de Marlowe. Porque é incorruptível. Marlowe vê corrupção em tudo o que o rodeia: o seu rígido código ético é constantemente testado – por pessoas, pela paisagem. No império do kitsch que é Los Angeles seria impossível sugerir a corrupção do poder instalado e do dinheiro antigo, portanto o que Chandler força Marlowe a contemplar é a corrupção do que é novo e barato e superfícial – do que quer parecer mais do que aquilo que é. Um aristocrata espartano à deriva neste pântano novo-rico. Marlowe é um acidente sexual à espera de acontecer nas suas interações com o sexo feminino, a turbulência interior está sempre a uma passo de transbordar. “À Beira do Abismo”, com a sua carga anti-erótica de pornografia, ninfomaníacas violentas e “obscenidade indescritível”, é, nesse aspecto, uma provação muito maior para o protagonista do que para o leitor, que mesmo sem saber quem matou quem nunca se aborrece.»

Estrelas: ****
Rogério Casanova, Actual, Expresso, 3 de Outubro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Pré-lançamento

Leia um excerto:



«David Sedaris, radialista e escritor, é um dos melhores humoristas norte-americanos e quase tudo o que escreve acaba na lista dos mais vendidos do New York Times. Em 2008, foi uma das atracções da Festa Literária Internacional de Paraty, onde contou alguns dos espisódios hilariantes reunidos neste Diário de Um Fumador. »
Revista LER, Setembro 09
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Diário de Um Fumador
David Sedaris

«Na piscina a que costumo ir actualmente, uma das frequentadoras habituais é uma mulher com síndrome de Down. É bastante gorda e usa um fato-de-banho antiquado, daqueles com uma saia rodada. Usa também uma touca que ata no queixo e que tem umas flores de borracha. É curiosa a satisfação que sinto de cada vez que consigo chegar primeiro que ela de um lado ao outro da piscina.
– Consegui ganhar-lhe três vezes em quatro – contei a Hugh na primeira vez em que nadámos juntos. – Dei-lhe mesmo uma tareia.
– Deixa -me ver se percebi bem – disse ele. – Ela é gorda. Tem a tua idade. E tem síndrome de Down?
– Sim, e eu ganhei. Não é fantástico?
– Ela sabia ao menos que estavam a fazer uma corrida?
Odeio quando começa com estas coisas. É um desmancha-prazeres.
Deixei de lhe contar quando consigo vencer os velhos. Quer dizer, as pessoas mais velhas que eu – mulheres de setenta e oitenta anos. Depois, há também as crianças. Estava no estado de Washington, numa pequena piscina do YMCA, quando um rapaz entrou na raia de corrida e pôs a cabeça de fora, como uma foca. Ficaria depois a saber que tinha nove anos, mas, na altura, era apenas um rapaz, um pouco gordinho, com um penteado estranho. Parecia que tinha ido ao barbeiro com uma fotografia de Hitler, de tão estranho que era. Começámos a conversar e, quando lhe disse que não era grande nadador, desafiou-me para uma corrida. Acho que pensou que, como a maioria dos adultos, eu abrandaria intencionalmente para o deixar ganhar, mas não fazia ideia com quem se estava a meter. Precisava de me sentir confiante, e uma vitória é sempre uma vitória. Por isso, nadei o mais depressa que consegui e derrotei-o em grande estilo.
Pensei que a história tinha acabado por ali – que iria aceitar a derrota e seguir com a sua vida –, mas, cinco minutos depois, veio ter comigo outra vez e perguntou -me se eu acreditava em Deus.
– Não – respondi.
– Porquê?
Reflecti durante um segundo.
– Porque tenho pêlos nas costas, e muitas outras pessoas que matam e roubam e fazem coisas horríveis, não têm. Um deus a sério não deixaria que isso acontecesse.
Para mim, a conversa estava acabada, mas, antes que pudesse continuar a nadar, bloqueou-me o caminho.
– Foi Deus que te deixou ganhar a corrida – disse. – Tocou-te na perna para poderes nadar mais depressa, e foi por isso que me venceste.
Parecia mesmo um Hitler, com os olhos a faiscar como dois carvões incandescentes.
– Se Deus sabe que não acredito nele, porque é que haveria de me ajudar? – perguntei. – Se calhar, em vez de me ajudar a ganhar, Deus resolveu fazer-te perder. Já pensaste nisso?
Continuei a nadar, mas fui de novo abordado no fim da volta seguinte.
– Tu vais para o Inferno – disse o rapaz.
– Isso ainda é por ter ganho aquela corrida?
– Não – respondeu. – Tem que ver com Deus e, se não acreditares n’Ele, vais arder no Inferno para o resto da eternidade.
Agradeci-lhe o conselho e continuei a nadar, grato pelo facto de na igreja a que costumava ir quando era pequeno a missa ser toda em grego. Eu e as minhas irmãs não fazíamos ideia do que o padre estaria a dizer e, quando somos crianças, talvez seja melhor assim. O Pequeno
Hitler ainda só estava na terceira classe e já estava a fazer planos para a vida depois da morte. Pior ainda, estava a fazer planos para a minha vida depois da morte. Já no balneário, fiquei a pensar que não deveria tê-lo contrariado. É uma loucura discutir religião com uma criança.
Especialmente no YMCA. Mas o que me tinha incomodado era a sua insistência de que eu tinha recebido uma ajuda injusta, de que Deus me tinha empurrado para conseguir chegar mais depressa ao fim. A sério! Será que não sou capaz de vencer um rapaz de nove anos sozinho?

TRÊS
Quando penso nos anos em que fui fumador, a única coisa de que me arrependo é da quantidade de lixo que produzi, todas aquelas centenas de milhares de beatas que esmaguei com o pé. Ficava sempre indignado quando via alguém a despejar o cinzeiro do carro para a rua. «Que porco!», pensava. Mas limitavam-se a fazer por atacado o que eu fazia peça por peça. Numa cidade, desculpamo-nos dizendo que haverá alguém que limpa, alguém que não teria emprego se não atirássemos aquela beata para o chão. Ou seja, estamos a fazer uma coisa boa, estamos a ajudar. E, além disso, não era realmente lixo, não era como deitar fora uma lâmpada fundida. Ninguém iria cortar um pé numa beata e, por causa da cor, quase que se confundia com a paisagem, como se fosse uma casca de amendoim. Era «orgânico», «biodegradável» – uma dessas palavras que significam «não faz mal».
Continuei a deitar beatas para o chão até aos quarenta e oito anos, quando fui preso por causa disso. Foi na Tailândia, o que torna a história ainda mais embaraçosa. Quando conto a alguém que fui apanhado pela polícia em Banguecoque, ficam a pensar que, depois de ter feito sexo com uma criança de oito anos, a virei do avesso e a assei nas brasas, sendo que esta última parte, cozinhar sem ter uma licença, é ilegal segundo a lei tailandesa. «Vale tudo», era a impressão que tinha, e por isso, fiquei surpreso quando, vindos do nada, dois polícias se aproximaram de mim. Um deles pegou-me pelo braço direito, o outro pelo braço esquerdo e levaram-me para uma tenda castanha. «Hugh!», chamei mas, como sempre, estava vinte passos à minha frente e só reparou que eu tinha desaparecido dez minutos depois. Os polícias mandaram-me sentar a uma mesa comprida e fizeram sinal para que ficasse quieto. Depois, foram-se embora, deixando-me a pensar no que poderia ter feito para os ofender.
Antes do meu encontro com a polícia, eu e Hugh tínhamos visitado o museu de criminologia, uma triste construção artesanal cujo expoente máximo era um homem suspenso numa caixa de vidro e a escorrer um líquido âmbar para uma panela rasa de esmalte. A tabuleta, que estava escrita em tailandês e traduzida para inglês, dizia, simplesmente: «Violador e Assassino». Parecia a tabuleta de uma serpente embalsamada num museu de história natural, uma forma de dizer: «É este o aspecto desta criatura, mantenha os olhos bem abertos.»
Tirando o líquido âmbar, o violador e assassino era bastante bem-parecido, tal como os polícias que me tinham prendido na rua, e o homem que nos tinha vendido o almoço. Estavam apenas 150 graus na rua, por isso, depois de sairmos do museu de criminologia, Hugh teve a ideia de irmos comer uma sopa a ferver cozinhada, basicamente, num caldeirão de aço. Não havia mesas, por isso sentámo-nos em baldes virados ao contrário e pusemos as tigelas a escaldar em cima dos joelhos. «Vamos sentar -nos debaixo do sol abrasador e queimar a pele da língua!»: é a ideia que um Hamrick tem de uma tarde bem passada.
Depois, tínhamos ido visitar o palácio. Não é o tipo de coisa que me interesse muito, mas não me tinha queixado, nem insultado a família real. Não tinha roubado nada nem escrito coisas com uma Caneta Mágica, por isso, qual seria o problema?
Quando os polícias voltaram, estenderam-me uma caneta e puseram uma folha de papel à minha frente. O documento estava escrito em tailandês, uma língua que me parece mais um motivo decorativo de um bolo.
– O que é que eu fiz? – perguntei.
E o homem apontou para trás de mim, onde um cartaz anunciava uma multa de mil bahts por deitar lixo para o chão.
– Deitar lixo para o chão? – disse.
E um dos polícias, o mais bonito dos dois, tirou um cigarro invisível da boca e atirou-o para o chão.
Apeteceu-me perguntar se, em vez da multa, me poderia talvez açoitar, mas acho que isso é em Singapura, não na Tailândia, e não queria parecer pouco sofisticado. Acabei por assinar o papel, pagar o equivalente a trinta dólares e sair para a rua à procura da minha beata, que acabei por encontrar numa sarjeta, a boiar junto de uma cabeça de pato e de um saco de plástico com leite de coco, coberto de moscas.
Não há problema, pensei, Multem o ocidental. Mas, a sério, não seria eu tão culpado como as pessoas que tinham deitado aquelas outras coisas para o chão? Ou se suja a rua ou não se suja a rua, e eu fazia claramente parte do grupo A, um tipo de pessoas que sempre considerei, talvez injustamente, estrangeiras e ignorantes. Tinha essa ideia por causa da minha avó grega. Yiayia viveu connosco quando éramos crianças e era de longe a maior campeã a atirar lixo para a rua. Latas, garrafas, jornais de domingo, qualquer coisa que coubesse pela janela do carro, atirava pela janela do carro.
– O que é que estás a fazer? – gritava o meu pai. – Neste país não se atira lixo para a rua.
Yiayia piscava os olhos por detrás das suas grossas lentes. E depois dizia: «Ah», e voltava a fazer o mesmo dois minutos depois, como se o recibo da mercearia fosse lixo, mas a revista Time, não. Acho mesmo que guardava os lenços sujos e os frascos de remédios vazios dentro da carteira até estar no banco de trás da nossa carrinha.
– Os gregos são assim – dizia a nossa mãe, acrescentando que a sua própria mãe jamais atiraria o que quer que fosse pela janela de um carro. – Nem sequer um caroço de pêssego.
Durante o período em que a minha avó viveu connosco, estávamos sempre a pensar na questão de atirar lixo para a rua, em parte por causa da televisão. Nos anúncios da campanha
«Mantenha a América Limpa», aparecia um índio a chorar, desfeito pela visão de um ribeiro cheio de lixo.
– Estás a ver isto? – perguntava a Yiayia. – Aquele lixo todo na água. Não se faz.
– Estás a perder tempo – dizia Lisa. – Ela nem sequer percebe que o miúdo é um índio.
O nosso pai temia que a minha avó fosse um mau exemplo para nós, mas, na verdade, funcionou ao contrário. Não sonhamos sequer em atirar o que quer que seja pela janela do carro, a menos, claro, que se trate de uma beata, que não é apenas lixo, mas lixo com uma ponta incandescente.
– Que horror aquele incêndio florestal – dizíamos. – Nem quero pensar no tipo de pessoas que fazem coisas destas. É de loucos.
Não posso dizer que, depois de voltar de Banguecoque, nunca mais apaguei um cigarro no chão. Mas posso dizer que nunca mais o fiz sem me sentir mal. Se houvesse um caixote do lixo por perto, deitaria lá a beata e, se não houvesse, enfiava-a na dobra das calças ou tentava escondê-la debaixo de qualquer coisa, uma folha, por exemplo, ou um papel deitado para o chão por outra pessoa, como se a sombra fizesse com que se desintegrasse mais depressa.
Agora que deixei de fumar, comecei a apanhar lixo – não às toneladas, mas um pouco todos os dias. Se, por exemplo, vejo uma garrafa de cerveja deixada num banco de um parque, apanho-a e deito-a no caixote do lixo mais perto. E digo: «Este estúpido de merda, preguiçoso, nem sequer foi capaz de deitar fora a merda da garrafa.»
Gostava de conseguir cumprir a minha penitência com elegância, mas duvido que isso possa acontecer num futuro próximo. As pessoas vêem-me a apanhar lixo e acham, com razão, que estou a ser pago para o fazer. Não querem que fique desempregado, por isso em vez de deitarem fora o seu garfo de plástico, deixam-no cair, para eu ter ainda mais coisas para limpar. Pacotes de batatas fritas, copos de plástico, bilhetes de autocarro usados... é engraçado, mas a única coisa que nunca apanho são beatas de cigarro. Não é que tenha nojo dos germes. Tenho medo que, ao sentir uma delas entre os dedos, me passe pela cabeça, de forma muito nítida, como me saberia bem fumar um cigarro agora.»
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À venda a partir de 18 de Setembro.
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Passatempo

Ganhe convites duplos para a ante-estreia de "Sacanas Sem Lei"


A Contraponto, a Bertrand Online e a Zon Lusomundo convidam-no a assistir à ante-estreia do novo filme de Quentin Tarantino, “Sacanas Sem Lei”, com Brad Pitt e Diane Kruger.
Há 50 convites duplos para oferecer.

Para se candidatar a ganhar um convite para duas pessoas deverá de proceder da seguinte forma:

1 - Comprar através da Bertrand Online o livro do guião original do filme “Sacanas Sem Lei”, escrito pelo realizador de culto, Quentin Tarantino, e editado em Portugal pela Contraponto.

A ante-estreia realizar-se-á no dia 26 de Agosto, às 21h30 nos seguintes cinemas:

- Zon Lusomundo Colombo, Lisboa

- Zon Lusomundo MarShopping, Porto

Estão disponíveis 25 convites duplos para cada cinema.

2 - após pagar a sua encomenda do livro, deverá enviar um e-mail para sacanassemlei@sapo.pt com o assunto “Campanha Sacanas Sem Lei” e indicando no texto o nº da sua encomenda, bem como o cinema onde deseja assistir à ante-estreia.

Se for aceite, receberá um e-mail a confirmar a oferta do convite duplo. Caso não receba e-mail, é porque já todos os convites foram atribuídos.
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Atenção! Se não enviar o e-mail com indicação do n.º de encomenda e o cinema, não será incluído processo de atribuição dos convites. Este é feito por ordem de nº de encomenda e de recebimento dos e-mails.

Esta campanha é válida apenas para encomendas pagas feitas na Bertrand Online até 21 de Agosto. Clique aqui para encomendar já o seu exemplar.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Imprensa:

«O mundo não acaba no Castro

A tonalidade e as harmónicas da escrita de Maupin permitem-nos sonhar com os pés assentes na terra. Eduardo Pitta

O que representa contar uma vida “presa por pastilhas elásticas e arames”, ou seja, à custa de um combinado de nevirapina e lamivudina e zidovudina? É isso que faz, com fina ironia, passe o absurdo, o escritor americano Armistead Maupin (n. 1944), famoso pelas suas histórias de São Francisco – “Tales of The City”, seis volumes publicados entre 1978 e 1989, os quatro primeiros traduzidos em Portugal –, que deram origem à premiada série de televisão de Alastair Reid. Essas histórias retratam a mudança de paradigma da cidade que foi o símbolo da revolução sexual dos anos 1970, por efeito da devastação provocada a partir de 1981 pela pandemia do HIV.
Armistead Maupin é um escritor e jornalista laureado, combateu no Vietname (1967-70) como fuzileiro naval, assumiu publicamente a sua homossexualidade em 1974 e, em 2007, casou com o fotógrafo Christopher Turner. “Michael Tolliver está vivo”, o seu mais recente romance, chegou às livrarias portuguesas numa tradução irrepreensível de Duarte Sousa Tavares.
Michael Tolliver não é uma personagem nova no universo de Maupin. Quem tenha lido os livros anteriores recorda as suas divertidas incursões no National Gay Rodeo, um evento improvável, mas se há coisa de que Maupin não pode ser acusado é de previsibilidade. Um dia (daqui a 10 anos?, menos?), historiadores, antropólogos e sociólogos não vão poder ignorar que o leitmotiv da ficção anglo-americana pós-1980 foram as consequências da identificação do HIV, com toda a carga moral que os anos Reagan associaram à doença. Nesse particular, os livros de Maupin estão na primeira linha do enfoque. Porque se há uma diferença brutal entre a ficção, apesar de tudo “macia” (e alusiva), de escritores como Edmund White ou David Leavitt, e a crueza da vida como ela é, essa diferença é peremptória nos relatos desapiedados de Maupin, mais próximos dos testemunhos de Andrew Holleran ou Dennis Cooper. Como se estivéssemos a comparar António Lobo Antunes e Mário Cláudio (o exemplo tem como única utilidade dar um contraponto nacional facilmente perceptível por toda a gente). Maupin não generaliza, nem reduz a brutalidade da doença ou o “glamour” mediático de certos sectores da comunidade gay a episódios de virtuosismo narrativo, como faz, por exemplo (e de forma superlativa), Augusten Burroughs.
Logo na segunda página de “Michael Tolliver está vivo”, a propósito de um encontro fortuito num supermercado (uma das personagens não se lembra das circunstâncias em que conheceu a outra), a súbita lembrança de certo pormenor anatómico marca o tom da assertividade como, no mundo de língua inglesa, o quotidiano das pessoas comuns se transforma em literatura. Decerto não por acaso, o realismo mágico (uma forma como qualquer outra de iludir a realidade) é uma invenção latino-americana.
A crítica tem-se dividido entre os que consideram “Michael Tolliver está vivo” como sendo o 7º volume das histórias de São Francisco. Não é. Muita coisa mudou desde 1989 (a casa de Barbary Lane desapareceu), e o Michael Tolliver de agora é um homem mais velho, que reflecte na passagem do tempo. Contra todas as probabilidades, sobreviveu à doença. E o Viagra abriu-lhe novas possibilidades. “Michael Tolliver está vivo” integra o núcleo dos romances autónomos, entre eles o muito apreciado “The Night Listener” (2000), adaptado ao cinema por Patrick Stettner, com Robin Williams no protagonista. Diferença desde logo decisiva, o facto de Michael ter agora um amante 20 anos mais novo do que ele.
Por falar em amantes, um aspecto determinante deste novo livro tem a ver com o facto de o narrador falar do seu “marido”, por oposição à fórmula tradicional do “companheiro”. Opção que traduz, sem rodeios, o quadro legal dos últimos anos, em que cinco Estados norte-americanos legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “Sumter, entretanto, tinha ficado imediatamente fascinado pelo meu marido, espalhando os fantoches a seus pés como se fossem ofertas a um deus loiro.”
As mulheres são importantes em “Michael Tolliver está vivo”, isso não é novidade na obra do autor.
Enganam-se os que possam supor que o livro é sobre saunas e bares de engate. Afinal, São Francisco não é só o Castro. Um leitor sem preconceito pode lê-lo com o mesmo prazer (as descrições da vida de bairro, das pequenas profissões, das querelas familiares, etc.) como lê Jane Austen ou Saul Bellow. Maupin nunca doura a pílula. Mas também não vê o mundo a preto e branco. A tonalidade e as harmónicas da sua escrita permitem-nos sonhar com os pés assentes na terra.»

Eduardo Pitta, Ípsilon, Público, 19 de Junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Imprensa:

O Beco dos Milagres

«Primeiro vemos de cima o Egipto só por um momento. Interessa-nos a geografia, pouco mais.
Aproximamos a imagem, rápido e paramos com facilidade sobre o enorme Cairo. Depois, bastaria escrever a morada exacta no motor de busca para encontrarmos qualquer rua em segundos. Mesmo um pequeno beco, antigo e humilde. Mas a viagem no Google Maps acabaria aí.
Felizmente, temos Naguib Mahfouz. O Nobel da Literatura mais celebrado do mundo árabe dez ainda um pouco mais de zoom. Subiu o beco e contou-nos das pedras do chão e da pobreza em redor. Abriu as portas das casas, dos estabelecimentos comerciais, e apresentou-nos pessoas diversas. Aos poucos, aproximou mais e mais a lupa e as pessoas foram ficando mais bonitas, mais feias, mais ou menos pessoas.
Um beco que é um microcosmos, com vista sobre Hamida, a jovem que tem tanto de bela como de estragada, ou sobre Kirsha, o dono do café, casado e ao mesmo tempo apaixonadoo por jovens rapazes. Eles ou todos os outros habitantes do pequeno gueto. E por baixo destas vidas, uma culturua que se oferece em estado puro.
Diz-se de Mahfouz que está para o Cairo como Dickens para Londres, ou Balzac para Paris. O Beco dos Milagres não é o seu romance mais célebre, mas é um dos iniciais, e é talvez por isso um dos retratos mais naturalistas que o autor fez da sua gente. Simples, sem julgamentos morais, sem enfeites ou condenações. Apenas um beco e toda a vida que por lá desfila.»

Mafalda Castro, Time Out Lisboa, Junho 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Novidades em Junho

Finalmente chegou o primeiro mês do Verão, mas será que o Verão chegou com ele? A ver vamos se os dias aquecem e nos levam, numa autêntica debandada, às praias mais próximas, como quem procura um oásis no meio do deserto. Enquanto se espraia a apanhar um pouco de Sol e a recuperar as energias, pode aproveitar para levar um bom livro consigo. A Contraponto oferece-lhe um leque de títulos de leitura imperdível. A começar pelo regresso de Elin Hilderbrand, que depois de Descalças (O Quinto Selo, 2008) volta aos escaparates com Segredos de Verão, um romance que se desenrola em torno de um Clube de Praia, onde vidas se cruzam e paixões despontam. Temos também o livro-sensação de 2009, Deus É Um Tipo Fixe, romance de estreia de Cyril Massarotto e vencedor de vários prémios. Espreite, mais em baixo, e descubra todas as novidades deste mês!




Segredos de Verão
Elin Hilderbrand

ISBN: 978-989-666-008-6
N.º de páginas: 368
Dimensões: 15 × 23
Preço c/ IVA: € 18,50


Um lugar especial, uma paixão inesperada e um Verão inesquecível…

«Um romance escaldante.» The Boston Herald

O Clube de Praia e Hotel da ilha de Nantucket – uma estância balnear privada – é um lugar onde se guardam memórias, onde despontam paixões e onde nascem relacionamentos que se fortalecem de ano para ano. Em cada época, os hóspedes, os proprietários e os empregados entrelaçam os seus destinos, criando amizades e inimizades, revelando ou ocultando os seus segredos.
Mack Petersen fugiu do passado e começou de novo num hotel que se tornou a sua vida, mas é chegada a altura de decidir o seu futuro…
Cecily Elliott, a jovem e bela filha dos proprietários, tem um amor secreto e vê-se obrigada a escolher entre aqueles que mais ama…
Love O’Donnell vem de Aspen para trabalhar no Clube de Praia, decidida a pôr em prática um plano ousado: encontrar um homem que a engravide…
Vance Robbins é um homem orgulhoso e ressentido, a quem uma arma e uma mulher oferecem, finalmente, a oportunidade de se vingar do homem que mais odeia…
Lacey Gardner, uma viúva solitária que frequenta o hotel há quarenta e cinco anos, partilha a sua experiência de vida com aqueles que a recebem e que considera já a sua família.

Sobre a autora:
Elin Hilderbrand vive em Nantucket com o marido e os três filhos pequenos. Cresceu em Collegeville, Pensilvânia, e viajou muito antes de assentar na ilha onde vive, que serve de cenário aos seus romances. Hilderbrand formou-se na Universidade John Hopkins e foi bolseira e docente no workshop de Escrita Criativa da Universidade do Iowa. As suas obras são presença constante nas listas dos livros mais vendidos do New York Times. Em Portugal encontra-se já publicado Descalças (O Quinto Selo, 2008).

Críticas de imprensa:
«Descontraído e divertido, este romance é rico em personagens e tem um enredo emocionante. Um livro que o deixará em suspense até ao final.»
Publishers Weekly

«Um romance cheio de ritmo.»
Kirkus Reviews

«Surpreendentemente tocante… uma obra de ficção que provavelmente permanecerá na sua memória muito depois de a ter terminado.»
People



Deus É Um Tipo Fixe
Cyril Massarotto

ISBN: 978-989-666-006-2
N.º de páginas: 192
Dimensões: 15 × 23
Preço c/ IVA: € 17,50

Este divertido romance de estreia conta a história de um tipo normal, simpático, com um emprego não muito exigente, mas também não muito satisfatório, sem grande sorte ao amor… ah, e com uma característica invulgar: o seu melhor amigo é Deus.
O jovem (cujo nome nunca é revelado) tem 30 anos quando conhece Deus – ou melhor, quando é chamado por Deus. O Criador não lhe pergunta nada de especial, nem tem grandes revelações metafísicas a fazer - só quer conversar, como qualquer pessoa normal.
Com o passar do tempo, tornam-se grandes amigos (apesar de Deus ter um sentido de humor um pouco… excêntrico). Através da discreta ajuda do seu melhor amigo, o jovem conhece a mulher dos seus sonhos, casa-se e tem um filho, Léo. Vive uma felicidade que nunca sonhara.
Contudo, quando perde a mulher num acidente, o homem sente-se traído pelo seu melhor amigo. Deixam de se falar durante algum tempo. Mas, como em qualquer amizade, o tempo e a saudade falam mais alto…

Sobre o autor:
Cyril Massarotto nasceu em 1975. É director de uma escola primária em Perpignan, mas também se dedica às artes. É músico e escreve canções para a sua banda, Saint-Louis, desde a adolescência. Deus É Um Tipo Fixe é o seu primeiro romance, que conheceu um grande sucesso junto da crítica e do público, tendo sido consagrado com vários prémios, de entre os quais se destacam a Selecção FNAC da Rentrée Literária 2008, o Prémio Jovem Talento Cultura 2008 e o Prémio Carrefour Primeiro Romance 2008.

«Escrito num tom muito agradável, com diálogos que não deixarão de envolver o leitor.»
L’Independant

Críticas de imprensa:
«Um romance hilariante, sensível e cheio de emoções, escrito com um estilo cheio de força e originalidade.»
Ici Paris

«Este livro não se limita a fazer-nos rir. Também nos convida a reflectir sobre a liberdade, o sofrimento e o amor, de uma forma tão profunda quanto simples.»
Elle



A Estrela da Babilónia
Barbara Wood

ISBN: 978-989-666-007-9
N.º de páginas: 352
Dimensões: 15 × 23
Preço c/ IVA: € 18,50

Numa noite de tempestade, a arqueóloga Candice Armstrong é chamada de urgência à cabeceira do seu velho professor, John Masters, que sofreu um acidente. O moribundo implora-lhe para ir a casa dele, mencionando a «Estrela da Babilónia» e uma misteriosa chave. Candice inicia então uma trepidante busca que a leva à Síria na companhia do filho do professor, Glenn Masters, um misterioso e taciturno inspector da polícia.

Entretanto, Philo Thibodeau – seguindo as instruções da seita ultra-secreta a que pertence, os Alexandrinos – parte no seu encalço, e Candice e Glenn vêem-se obrigados a arriscar as suas vidas, numa corrida contra o tempo através do deserto.

Sobre a autora:
Barbara Wood nasceu em Inglaterra e emigrou, ainda nova, para os EUA com a família. É autora de vinte e um romances, todos eles best-sellers internacionais. Nos seus livros, que se encontram traduzidos em mais de trinta línguas, abundam as paisagens exóticas imbuídas de muita paixão e aventura.

Críticas de imprensa:
«Wood cria personagens autênticas com histórias fascinantes.»
Library Journal

«Wood trata os povos antigos com a mesma delicadeza de um arqueólogo que une fragmentos de ossos para descobrir culturas sucessivas... Um bom remédio para os sedentos de misticismo.»
Kirkus Reviews


A Dama de Caxemira
Francisco González Ledesma

ISBN: 978-989-666-030-7
N.º de páginas: 200
Dimensões: 16 × 24
Preço c/ IVA: € 17,50

Velho, cínico e assombrado pela memória das mulheres que não soube amar, preso entre o fascínio pelos marginais que deveria perseguir e o desprezo dos seus superiores, que sonham vê-lo reformado, o inspector Méndez vagueia por uma Barcelona cuja modernidade o acossa, saudoso da cidade gloriosa de outrora. As décadas que passou ao serviço da polícia não deixam que Méndez confunda verdade com justiça, e este velho cavalo de guerra da lei não se deixa iludir facilmente.
Quando se depara com um bizarro crime que envolve um cadáver e uma cadeira de rodas, Méndez mergulha na aventura mais vertiginosa e sentimental da sua vida – uma história de solidões, frustrações, nostalgias e inesperadas ternuras. Uma mulher presa a um passado longínquo e perdido, um homem casado apaixonado por um antigo amante, um amor inesperadamente platónico e um conjunto de vidas tragicamente interligadas levam Méndez a descobrir que se pode morrer por sonhar demais e que o homicídio pode ser o derradeiro acto de ternura.
A Dama de Caxemira convida o leitor a deambular pelo labirinto de ruas estreitas e horizontes vastos que é a cidade antiga de Barcelona, e não deixará de o marcar pela sua originalidade e irreverência.

Sobre o autor:
Francisco González Ledesma (Barcelona, 1972) iniciou-se na escrita elaborando guiões de BD e romances western que entregava ao ritmo de um por semana e publicava sob o pseudónimo de Silver Kane. Com apenas vinte e um anos de idade foi galardoado com o Prémio Internacional de Novela pelo seu romance Sombras viejas. Somerset Maugham e Walter Starkie faziam parte do júri que lhe atribuiu este prémio. Contudo, a censura franquista proibiu a sua publicação. Dedicou-se à advocacia (da qual se veio a afastar por motivos políticos) e ao jornalismo, primeiro no Correo Catalán e mais tarde no La Vanguardia, onde trabalhou durante vinte e cinco anos e chegou a ocupar o posto de redactor-chefe. Os seus romances Los napoleones e Las calles de nuestros padres foram igualmente censurados e só após a transição para a Democracia chegaram à publicação. Em 1983, Expediente Barcelona foi galardoado com o prémio Ciutat de València e no ano seguinte Crónica sentimental en rojo recebeu o conceituado prémio Planeta, o que lhe proporcionou uma consagração notável. A sua obra foi ainda distinguida com o prémio Mystère para o melhor romance estrangeiro publicado em França e recentemente o Premio Internacional de Novela Negra RBA pelo romance Uma Novela de Bairro (O Quinto Selo, 2008).

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Novidades em Maio



Michael Tolliver Está Vivo
Armistead Maupin

ISBN: 978-989-666-003-1
N.º de páginas: 248
Dimensões: 15 × 22
Preço c/ IVA: € 18,00

«Maupin nega que este seja o sétimo volume da sua popular série Tales of the City, mas, felizmente, é exactamente isso que é, cheio de estilo e criatividade. Da última vez que vimos os habitantes do n.º 28 de Barbary Lane, estávamos em 1989, e Michael “Mouse” Tolliver estava a enfrentar a suposta sentença de morte do HIV positivo. Agora, os cocktails de medicamentos deram-lhe uma nova esperança de vida, ao mesmo tempo que injecções de testosterona e doses de Viagra lhe permitem ter uma vida sexual plena e inventiva com o novo namorado, Ben, “vinte e um anos mais novo que eu – um jovem completamente adulto, se quiserem ver as coisas dessa forma.” O n.º 28 de Barbary Lane já não existe, mas os antigos inquilinos estão bem, a sua maioria em exílio. Maupin introduz uma variedade de referências encantadoras, mas a história pertence a Mouse, cujas viagens pelos mores sexuais transgressivos e plurisexuais de São Francisco são tão cativantes quanto o eram no primeiro volume de Tales of the City [Histórias de São Francisco].» Publishers Weekly

Sobre o autor:
Armistead Maupin é autor de Tales of the City, uma série de seis livros sobre a revolução sexual de São Francisco, nos anos 70 e 80, que se tornou um clássico dos nossos dias e um best-seller internacional.

Críticas de imprensa:
«Armistead e a sua popular série Tales of the City [Histórias de São Francisco] evoluíram a partir de uma coluna do San Francisco Chronicle e atraíram uma vasta quantidade de seguidores leais. A estes leitores, bem como para os recém-chegados à obra de Maupin, espera-os uma bela surpresa com este novo livro.»
Bookmarks

«O título deste romance encantador e comovente é perfeitamente pertinente à história que conta. Um livro que, sendo enternecedor, nunca chega a ser sentimental.»
Booklist


Abstinência
Tom Perrotta

ISBN: 978-989-666-005-5
N.º de páginas: 312
Dimensões: 15 × 22
Preço c/ IVA: € 19,00

Stonewood Heights é o sítio perfeito para criar os filhos. Tem boas escolas, uma comunidade unida e um mercado imobiliário forte. Os pais envolvem-se nas vidas dos filhos e todas as oportunidades de enriquecimento pessoal são exploradas. Ruth Ramsay é a professora de Educação Sexual na escola secundária local. Acredita firmemente que «o prazer é bom, a vergonha é má e o conhecimento é poder». Tim Mason, o treinador de futebol da filha mais nova, é um ex-toxicodependente que, depois de um divórcio difícil, trocou a cocaína por Jesus. Tim tornou-se membro do Tabernáculo, uma igreja cristã evangélica que não aprova o estilo de ensino de Ruth, e, através de uma subtil rede de influências, tenta substituir o ensino da Educação Sexual pelo ensino da… abstinência! Ruth considera o Tabernáculo uma instituição repressiva e conservadora, e tenta travar os seus avanços. Como adversários numa guerra de culturas, Ruth e Tim desconfiam instintivamente um do outro. Mas quando uma controvérsia no campo de futebol os obriga a falar, começam a ver-se com outros olhos.

Sobre o autor:
Tom Perrotta é autor de vários romances, incluindo os best-sellers internacionais Joe College e Election, que foi transposto para o cinema em 1999, com Matthew Broderick e Reese Witherspoon nos principais papéis. Pecados Íntimos (Bico de Pena, 2007) foi também adaptado ao cinema, com Kate Winslet e Patrick Wilson nos principais papéis. Vive em Belmont, Massachusetts, com a mulher e dois filhos.

Críticas de imprensa:
«Tom Perrotta conhece bem a vida nos subúrbios, e em Abstinência consegue trabalhar ainda melhor este terreno difícil – sempre com um humor subtil, mas fortemente satírico.»
Publishers Weekly

«Perrotta é o Steinbeck dos subúrbios.»
Time

«Um romance muito bem trabalhado que vai dar bastante que falar.»
Booklist

«Tom Perrotta é um cronista franco e subtil da América moderna. Toda a sua obra é caracterizada por um forte e cativante realismo.»
The New York Times


A Ilha da Paixão
Eileen Goudge

ISBN: 978-989-666-004-8
N.º de páginas: 344
Dimensões: 15 × 23
Preço c/ IVA: € 18,50

Da autora best-seller do New York Times e uma das mais interessantes e inteligentes escritoras de ficção contemporânea, chega-nos uma intensa história de amor.

Alice Kessler cumpriu nove anos de prisão pela tentativa de homicídio do condutor embriagado que matou um dos seus filhos. Quando sai em liberdade, enfrenta novamente o homem responsável pela sua detenção, a fim de defender o seu outro filho de uma falsa acusação de violação. É então que conhece Colin McGinty, um alcoólico em recuperação e um viúvo do 11 de Setembro, neto do pintor de A Mulher de Vermelho, que retrata precisamente a avó de Alice. Enquanto Alice e Colin dão início a um frágil romance, ficamos a conhecer a história por detrás deste retrato: o amor proibido em tempos de guerra entre William McGinty e Eleanor Styles, e o segredo fatal que os unia. Um segredo que, mais de meio século depois, está prestes a ser desvendado…

Sobre a autora:
Eileen Goudge é a autora de best-sellers do New York Times com maior sucesso, sendo aclamada por milhões de leitores em mais de vinte e cinco países. Mora em Nova Iorque com o marido, que conheceu através de uma entrevista telefónica. Os seus livros contam com seis milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Em Portugal, encontra-se já publicado o seu romance Irmãs tão Queridas (O Quinto Selo, 2008).

Críticas de imprensa:
«A veterana Goudge brinda-nos com um maravilhoso conto de sobrevivência e redenção.»
Publishers Weekly

«A sua escrita engenhosa sobrepõe imagens bucólicas a personagens sinistras, a par de uma história surpreendente de segredos escondidos e promessas quebradas.»
Booklist

«Goudge… faz-nos pensar no prazer que se tem ao explorar o improvável.»
The New York Times Book Review


O Beco dos Milagres
Naguib Mahfouz

ISBN: 978-989-666-002-4
N.º de páginas: 336
Dimensões: 15 × 23
Preço c/ IVA: € 22,00

«Mahfouz é comparável a Hugo, Dickens, Galsworthy, Mann, Zola ou Jules Romains.»
London Review of Books



Traduzido do árabe

Durante a Segunda Guerra Mundial, num beco antigo da grandiosa capital que é o Cairo, desenrolam-se as pequenas tragédias e aspirações banais dos protagonistas deste romance, como o doce barbeiro Alhilu, apaixonado pela ambiciosa Hamida; a mãe de Hamida, uma casamenteira que arranja noivo a Senia Afifi, a senhoria de grande parte dos moradores do beco; o cinquentão Alwan e as suas fantasias; Quercha, o homossexual dono do café; e Radwan Husseini, com a sua sabedoria, religiosidade e eterno optimismo, entre outros.
O Beco dos Milagres é um dos livros mais célebres e amplamente traduzidos de Naguib Mahfouz. Como foi dito ao ser anunciado o Prémio Nobel da Literatura em 1988, «muitas das suas obras têm um carácter marcadamente realista e são elas que o consagram como o melhor romancista árabe».

Sobre o autor:
Naguib Mafhouz nasceu no Cairo em 1911. Formado em Filosofia, trabalhou como funcionário público até se aposentar aos sessenta anos. Faleceu em 2006. A sua obra é de uma versatilidade impressionante, abarcando estilos como o romance histórico, o realismo e a literatura do absurdo. Prémio Nobel da Literatura em 1988 – o primeiro árabe a ser distinguido com este prémio –, foi ameaçado de morte por extremistas islâmicos no ano seguinte. Em 1994 foi vítima de um atentado no Cairo, incidente que teve uma influência fortemente repressiva na sua escrita.

Críticas de imprensa:
«Naguib Mahfouz é o melhor escritor numa das línguas mais faladas no mundo, o árabe, e um narrador de primeira ordem em qualquer idioma.»
Vanity Fair

«Os becos, as casas, os palácios, as mesquitas e os seus habitantes são evocados de forma tão brilhante por Mahfouz como as ruas de Londres o foram por Dickens.»
Newsweek

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Novidades em Abril:





MEMÓRIAS DE IDHÚN I - A Resistência
Laura Gallego García

ISBN: 978-989-666-024-6
N.º de Páginas: 454
Formato: 15x23 cm
Preço c/ IVA: € 18,00

A saga de Laura Gallego García está de regresso! Agora num novo formato!

Idhún, o planeta dos três sóis e das três luas, é um local mágico, de uma beleza única, onde habitam criaturas míticas e seres fascinantes; um local onde o Bem e o Mal se defrontam. No dia em que se dá uma rara conjunção astral, Ashran, o Necromante, com os seus sheks, vence a magia dos dragões e unicórnios e toma o poder, obrigando ao exílio de muitos idhunitas. Mas Idhún não se pode perder...
Na Terra, um guerreiro e um feiticeiro provenientes do mundo mágico criam a Resistência e encontram dois aliados: os adolescentes Jack e Victoria. Juntos, buscam a forma de acabar com o domínio das serpentes aladas, mas vão ter de se confrontar com Kirtash, um jovem e impiedoso assassino, enviado à Terra por Ashran. No entanto, certos factos e ligações do passado emergem, influenciando o rumo dos acontecimentos.

Sobre a autora:
Laura Gallego García nasceu em Quart de Poblet (Valência) em 1977. É formada em Filologia Hispânica e presentemente dedica-se à investigação académica e à criação literária. Em 1998, a autora ganhou o Prémio El Barco de Vapor com Finis Mundis e em 2002 voltou a vencer com La Leyenda del Rey Errante. Várias das suas obras foram traduzidas para alemão, inglês, italiano, catalão, coreano, chinês, romeno, francês, polaco, finlandês, sueco, norueguês, húngaro e dinamarquês. A saga Memórias de Idhún manteve-se mais de três anos consecutivos nas listas de best-sellers de livros infantis e juvenis.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Novidades em Março:

98 TIROS DE AUDIÊNCIA
Aguinaldo Silva


Do autor das novelas que mais sucesso fizeram na história da televisão do Brasil e de Portugal, TIETA e ROQUE SANTEIRO chega-nos uma obra imperdível!



Quem matou a estrela da novela da noite, a amada e odiada Aurora Constanti?
“Aurora Constanti era o meu nome. A italianona como meus antigos colegas de escola me chamavam, na verdade apenas filha de oriundi, nascida num rincão distante, um cu-de-judas qualquer do Rio Grande do Sul. Ex meia dúzia de coisas antes de descobrir minha única e verdadeira vocação: (‘a de destruidora de lares’, diziam outras mulheres cujos maridos, até mesmo sem querer, eu desvirtuara) modelo, manequim, jornalista ainda que semi-analfabeta (mas aprendi a ler e refletir com o tempo), quase candidata a vereadora, destaque de escola de samba e finalmente atriz.”
Dominado por um ritmo que faz lembrar as populares telenovelas brasileiras, o romance de Aguinaldo Silva envolve-nos no ambiente (ir)real dos bastidores da televisão e, com a sua narrativa dominada pelo suspense e ironia, agarra-nos até ao último “tiro”.

«Minha intenção era justamente esta: abrir a caixa-preta do universo no qual transito. A tendência é tratar as pessoas que trabalham em televisão, ou as chamadas ‘celebridades’, como se fossem deusas. Eu quis desmistificar isso: somos humanos! E como tal sujeitos a grandezas e fraquezas e movidos a paixão e ódio. É isso que 98 Tiros de Audiência mostra. Nenhuma das suas personagens é uma figura real, mas é a mistura fiel de várias delas. E quanto aos acontecimentos que o livro narra, embora turbinados pelos temperos da ficção, ou foram vividos por mim ou saíram de histórias que ouvi nestes meus trinta anos de atuação no veículo.»
Aguinaldo Silva
In http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/

Sobre o autor:
Aguinaldo Silva nasceu no interior de Pernambuco. Publicou o seu primeiro romance, Redenção para Jô, com apenas dezasseis anos e aos dezoito anos tornou-se o mais jovem repórter de redacção ao estrear-se como jornalista no Última Hora, no Recife. Dois anos depois, mudou-se para o Rio, onde começou a trabalhar como repórter policial n’O Globo. A experiência adquirida nas redacções de jornal valeu-lhe um convite para escrever Plantão de Polícia, para a TV Globo. Desde então, Aguinaldo Silva é o único autor da Globo que só tem escrito novelas para o horário das oito. Das doze novelas de maior audiência da emissora, seis foram escritas por ele: Roque Santeiro, Tieta, Pedra sobre Pedra, Fera Ferida, Vale Tudo e Senhora do Destino.

Blogue do autor: http://bloglog.globo.com/aguinaldosilva/

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