segunda-feira, 27 de junho de 2011

Para as férias...

Em julho os leitores que forem de férias poderão levar consigo o novo romance de Marc Levy, o autor francês mais vendido em todo o mundo, e que regressa com O Ladrão de Sombras. Nesta história, o autor conta a história de um rapaz com o dom de roubar as sombras das pessoas, descobrindo, através delas, os seus mais profundos segredos. É durante umas férias de verão que ele se apaixona por uma rapariga muda, com quem comunica através da sua sombra. Um romance terno que o levará a sonhar durante as tardes passadas à beira-mar.

E para os fãs de Conspiração 365, a Contraponto lança Julho, o sétimo livro da série mais frenética a ser editada em Portugal. São simplesmente imperdíveis as novidades deste mês da Contraponto.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Excerto: «Pensei Que Tinhas Morrido»

«No Inverno de 1998, no final do século XX, numa pequena cidade universitária nas margens do rio Connecticut, no passeio em frente a uma casa suficientemente próxima da linha do comboio para que os quadros nas paredes precisassem constantemente de ser endireitados, ainda que nunca ninguém os endireitasse, Paul Gustavson, tendo já bebido demasiado, descalçou a luva da mão direita, enfiou-a debaixo do ombro esquerdo, e começou a revirar os bolsos das calças à procura da chave de casa.

A neve caía com força, o que significava que os limpa-neves iriam trabalhar toda a noite, desimpedindo as estradas. Era princípios de Março. Na manhã seguinte, Paul teria de limpar a neve com uma pá, um favor que fazia à sua senhoria, que vivia no andar de cima, e que há anos não aumentava a renda, em parte por causa desses favores que lhe faria. Quando Paul saísse da cama, o seu dinâmico vizinho já teria acabado de limpar a neve da sua entrada, espalhando sal, espalhando areia, provavelmente secando a rua com um secador de cabelo. Paul não se importava de limpar, ainda que, tendo crescido em Mineápolis, já tivesse limpado neve suficiente quando era criança. Teria de estar no aeroporto ao meio-dia para apanhar o avião de volta a Twin Cities, uma viagem que talvez não tivesse sido necessária se não tivesse sido tão preguiçoso. Há dias melhores e dias piores…
– Já cheguei – disse Paul, entrando em casa e fechando a porta por causa do frio.
– Pensei que tinhas morrido – disse a cadela.
Chamava-se Stella, e era cruzada de pastor alemão e labrador de pêlo dourado, mas mais parecida com este último. Felizmente, tinha herdado também a personalidade do lado labrador da família, recebendo dos alemães apenas uma certa limpeza congénita e um forte sentido de protecção que, sendo ela o cachorrinho ómega da ninhada, significava apenas que se sentia muitas vezes uma vítima.
– Mais uma vez, não morri.
– Que alegria enorme – respondeu ela, secamente.
Stella não tinha qualquer noção de permanência e, portanto, supunha que Paul tinha morrido sempre que não o conseguia ver, ouvir ou cheirar.
– Como correu a noite?
– Fui ao Bay State ouvir blues – respondeu Paul.
Sentiu a cabeça andar à roda quando se baixou para coçá-la atrás da orelha, fazendo chocalhar a coleira.
– Já te apercebeste de que já só és um bocadinho menos rotineiro que um gato?
– Não é preciso insultares-me. Queres ir passear ou não?
– Passear? Sim. Um passeio vinha mesmo a calhar. Está frio lá fora? Não me apetece passear se estiver mau tempo.
– Não existe mau tempo – respondeu-lhe ele. – Só más roupas.
Ela ainda conseguia ir até à porta, apesar de, por vezes, Paul ter de levantar-lhe a parte traseira para ajudá-la a levantar-se da cama. Habitualmente, levava-a consigo sempre que saía, mas naquela noite tinha-a deixado em casa por causa da neve. Viviam num apartamento no rés-do-chão de uma casa de dois andares, entre a linha do comboio e o cemitério, em Northampton, uma pequena cidade universitária no Oeste de Massachusetts.
Stella parou no alpendre, olhando apreensiva para a neve, e depois deu cautelosamente um passo em frente.
– Espera – disse Paul, pegando nela ao colo e descendo os três degraus de cimento até ao passeio.
Tinha construído uma rampa para que ela subisse, feita com uma porta velha com quadrados de alcatifa pregados, mas Stella tinha dificuldade em descer pela rampa. Pousou-a cuidadosamente no chão. Ela caminhou à sua frente, cheirando os arbustos dos Sliwoskis, e os da casa ao lado dessa, e os sítios onde costumava parar e cheirar todas as noites ao longo dos sete anos que ali viviam. De vez em quando, tropeçava.
Já eram dois.
Paul respirou fundo pelo nariz. Sentiu flocos de neve na cara. Os vizinhos do outro lado da rua ainda tinham as luzes de Natal. Os da casa ao lado estavam a ver televisão. Na casa da esquina, olhou para cima.
A estudante que lá vivia, a Rapariga do Diário, como a chamava, estava outra vez sentada ao computador, o seu perfil iluminado de azul na janela do segundo andar. Às vezes, estava a pentear o cabelo. Era belíssima.
Olhou para o chão à luz do candeeiro da esquina. A neve caía em flocos suficientemente grossos para fazer sombras que, quando os flocos caíam, se cruzavam no círculo de luz que emanava da lâmpada de sódio do candeeiro. Deixou-se ficar no ponto exacto de convergência das sombras e imaginou que estava a absorver uma espécie de energia boreal, e depois começou a andar antes que alguém o visse.
– Já te disse que vais passar uma semana a casa do Chester? – perguntou à cadela.
– Tudo bem – respondeu Stella. – Gosto do Chester.
– Porque não haverias de gostar?
– Porque é que vou para casa do Chester?
– Tenho de ir a casa. O meu pai teve um AVC.
– O que é um AVC?
– É quando uma parte do cérebro morre – disse Paul. – É causado ou por um coágulo de sangue que bloqueia uma artéria e que faz com que o cérebro não receba sangue suficiente, ou por uma artéria que rebenta e que faz com haja demasiado sangue. Estive a ler sobre o assunto.
– E demasiado sangue é mau, e pouco sangue também é mau?
– Acho que sim – respondeu Paul.
– Que dilema.
– Um dilema – concordou Paul. – Uma ironia.
– Então, parte do cérebro do teu pai morreu? – perguntou ela.
– É mais ou menos isso – disse Paul.
Continuaram a andar.
– Que parte? Quantas partes há?
– Imensas. Não sabem ainda qual é a gravidade. Estive a conversar com um tipo no bar que me disse que, se for descoberto a tempo, os médicos conseguem limitar os danos.
– Quem te disse isso foi um tipo com quem falaste no bar?
– Sim.
– É sempre uma fonte segura de informação médica – disse ela. – Lamento muito o que aconteceu ao teu pai.
– Estava a limpar a neve do passeio.
– O teu pai ou o tipo do bar?
– O meu pai. Por isso, a culpa é minha. Devíamos ter-lhe comprado um limpa-neves eléctrico. Tinha ficado de procurar qual era o melhor, mas acabei por me esquecer. Não queríamos que continuasse a limpar com uma pá. Há um longo historial de AVC e de ataques cardíacos na nossa família.
Paul raspou uma mão-cheia de neve do capô de um carro e tentou fazer uma bola, mas não havia neve suficiente.
– Estou baralhada – disse Stella, parando para cheirar a base do pilar de uma vedação. – Se há muitos casos na família, como é que a culpa pode ser tua?
– O meu pai andava a fazer muitos esforços – respondeu Paul. – Se lhe tivéssemos oferecido o limpa -neves que eu deveria ter procurado, poderia ter descansado um pouco mais.
– Se, se, se…
– Se bem que o mais provável é que não o tivesse usado. Ele gostava de fazer aquilo.
– Ora aí está. Não podes passar a vida em suposições.
– Vocês, os cães… – suspirou Paul, virando à esquerda na Parsons.
– Onde é que vamos? – perguntou Stella.
– Preciso de andar um pouco – respondeu Paul.
Seguia em direcção ao cemitério.
– A tabuleta diz PROIBIDA A ENTRADA DE CÃES – lembrou-lhe Stella.
– Vamos ser ousados! – respondeu ele, revirando o colarinho para não deixar que a neve lhe caísse pelo pescoço.
[...]»

Hoje nas livrarias!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Crítica de Leitor: «Eu Mato»

«Quem diria que um comediante escreve um bom policial... Pois, se Giorgio Faletti desperta sorrisos e gargalhadas a muitos, a outros consegue arrancar arrepios, indignação e tensão!

Eu Mato conta a história de um serial killer bastante sórdido, que liga para um programa de rádio a anunciar o homicídio, deixando uma música como pista para a identificação da potencial vítima.
Nas primeiras páginas do livro, são apresentadas as personagens, com quem imediatamente sentimos empatia, o menino com problemas mentais que acompanha religiosamente os programas e as músicas da rádio, Pierrot e Jean-Loup Verdier, o apresentador desse mesmo programa. Também o agente do FBI Frank Ottobre,que estava em Monte Carlo, debatendo-se com os seus próprios fantasmas e, aliado ao amigo, o delegado de polícia Nicolas Hulot, decide que dará um fim à matança. Mas não só estas personagens aguçam a curiosidade do leitor, o que terá a esconder a misteriosa Helena Parker?
No que concerne a descrições de personagens, tenho a referir que até as vítimas são tidas em conta. Assim, todas elas têm uma personalidade, uma maneira de estar na vida que, normalmente, não são aspectos tão enfatizados numa personagem de literatura policial.
E não são só descrições de personagens, o autor prima pelas referências de pormenores a locais e a situações. A descrição no romance policial é sempre algo ambíguo: se, por um lado, o leitor quer imediatamente passar à acção, descurando os pormenores descritivos, por outro esta componente facilita um visionamento da acção na nossa mente, tal como um filme!
No que diz respeito ao serial killer, este é uma mistura entre o famigerado Ed Gein e Hannibal Lecter. Um dos aspectos mais relevantes do livro é a sua análise do perfil psicológico e o encaixe deste com a tipologia dos crimes, muito sangue e rostos mutilados. Denotei que o autor utiliza uma linguagem diferente nas falas desta personagem quando faz os telefonemas para a rádio, comparativament e aos demais personagens, facto que ajuda o leitor a sentir-se mais irrequieto, tenso e desconfiado. Achei que os telefonemas, ainda que breves, tinham um cariz perturbador e conseguiram deixar-me inquieta. Quanto às músicas escolhidas para cada vítima, devo dizer que o autor fez uma ligação bastante inteligente e que não era assim tão imediata.

Inicia-se então uma verdadeira caça ao homem, cujos homicídios são bastante gráficos, encontrando-se descritos ao pormenor, havendo pelo meio algumas peripécias surpreendentes.
Gostei do desfecho, conhecer a identidade do serial killer e o seu background, a sua infância e o desenvolvimento como indivíduo na sociedade.
Fico a aguardar atentamente o segundo livro do autor, intitulado "Eu sou Deus". Recomendo vivamente, é uma excelente leitura!»
Vera Brandão, Segredo dos Livros

terça-feira, 14 de junho de 2011

Academia de Vampiros

A nova capa para o primeiro volume da série Academia de Vampiros. Ver aqui.

Imprensa: «A Dama do Lago»

«A personagem do detective particular Philip Marlowe é um clássico do policial, dividindo o Panteão com Poirot e Sherlock Holmes. Raymond Chandler (1888-1959), que lhe deu vida em 1934, fez bom uso da tradição britânica do romance noir. Natural de Chicago, Chandler viveu na Irlanda e na Inglaterra dos 6 aos 24 anos, tendo sido em Londres que publicou as suas primeiras obras. Reverenciado por Dashiell Hammett, Evelyn Waugh, W. H. Auden, Joyce Carol Oates e outros do mesmo calibre, tornou-se há muito um autor de culto. Humphrey Bogart, que imortalizou Marlowe no cinema, também ajudou.

"A Dama do Lago" (1943) é um dos nove livros de Chandler em que Marlowe pontifica. Talvez não seja uma obra-prima como "The Big Sleep" (1939), mas é deveras subtil na forma como arrasta o leitor atrás das duas mulheres louras e jovens que, sem motivo aparente, abandonaram os respectivos maridos. Como de regra a prosa é um exemplo de virtuose: "San Bernardino cozia e tremeluzia sob o calor da tarde. O ar estava suficientemente quente para criar bolhas na língua." Decerto não por acaso, o desaparecimento de Crystal, mulher de Mr. Kingsley, ilumina o de Muriel, mulher do caseiro. O que aconteceu de facto na barragem do lago Puma?»
Eduardo Pitta, revista Sábado

terça-feira, 7 de junho de 2011

Imprensa: «Casino Royale»

«Durante a 2.ª Guerra Mundial, Ian Fleming então um oficial na reserva do regimento Black Watch foi recrutado para ser o assistente do contra-almirante Henry Godfrey, o responsável pelos serviços de informações da marinha britânica. Nessa posição ele foi testemunha em primeira mão de muitas das operações secretas realizadas contra os nazis, essa expriência viria anos mais tarde a inspirar a criação do mais sedutor e implacável dos espiões - James Bond, um espião de sua majestade cujo número de código, 007, lhe dá licença para matar. A primeira aventura põe Bond face a LeChiffre, um banqueiro ilegal ligado às actividades de uma agência de espionagem soviética. A missão de Bond é pôr fora de acção LeChiffre e a sua operação, o que não se torna fácil especialmente quando pelo meio há a bela Vesper Lynd. Foi neste livro que Fleming sintetizou a essência do seu universo: acção, perigo, locais exóticos, mulheres muito belas, jogo e vodkas-martini. O romance foi já adaptado 3 vezes, uma para tv, em 1954, e duas para o cinema, a mais recente protagonizada por Daniel Craig.»
Premiere

Imprensa: «A Dama do Lago»

«Raymond Chandler foi um dos nomes que transformou radicalmente o universo dos policiais (ou do "romance negro"), criando um personagem quase único, na sua mistura de frieza com vagos princípios morais, observador atento mas desprendido de uma sociedade que ruía à sua volta. Philip Marlowe tornar-se-ia um modelo para um género que acaba por ser completo na forma como vê a realidade social. Aqui, num dos seus livros mais conhecidos, Chandler coloca Marlowe no encalce de um assassino e de uma mulher, Derace Kingsley, que aparentemente tinha fugido com um conquistador de corações. O estilo hipnótico de Chandler está aqui perfeitamente definido e leva-nos a ler este livro de um fôlego.»
Jornal de Negócios