segunda-feira, 23 de julho de 2012

Crítica de Leitor: «Safira»

«Passou mais de um ano e meio desde que "Rubi", o primeiro livro desta trilogia, me chegou às mãos. Obviamente, assim que consegui, agarrei neste "Safira", que nem chegou a aterrar na minha pilha de leitura, e devorei-o!!!
Não foi fácil! Depois de tanto tempo os pormenores já não estavam presentes e foi difícil conseguir dar à história o sentido e a emoção com que tinha terminado o primeiro volume. É claro que assim que lhe apanhei o jeito, tudo o que me sobrou soube a pouco. A trama adensa-se, como seria de esperar, mas a maior confusão vai no coração da nossa heroína. O galante Gideon tem o dom de a deixar (assim como ao leitor) fora de si, sem noção daquilo em que deve acreditar. Muito do que ainda ninguém explica já se vai adivinhando e muitas das suspeitas despoletadas em "Rubi" ganham força neste segundo volume. É claro que o livro termina quando não deve ( aí, mais um ano e meio até ao desfecho... Não se faz...), com Gwen desfeita enquanto gritamos interiormente "Esperem! Não acabem já! Eu quero saber mais!!!"... Mas ninguém nos ouve.
Depois de terminar este segundo volume, mantenho a opinião que o primeiro volume me deixou: uma série deliciosa, refrescante na sua originalidade, muito mais abrangente em termos de público do que o que é apontado na sua caracterização. Delicioso! E para quando o "Esmeralda"?»
Páginas Desfolhadas



sexta-feira, 20 de julho de 2012

Brevemente

Crítica de Leitor: «Ninguém Quis Saber»

«Ninguém Quis Saber, da sueca Mari Jungstedt, é um excelente policial para ler nas férias, pois apesar de ter uma história bem montada e repleta de surpresas não é uma daquelas obras excessivamente complexas que exigem uma atenção redobrada e uma leitura em ambiente «controlado».


Um assassínio e um desaparecimento de duas pessoas que aparentemente nada teriam que as ligassem atormentam a pacata ilha de Gotland. Ainda para mais, sendo eles em parte auto-excluídos, os vínculos que mantêm com a sociedade são tão débeis que se torna difícil perceber onde se poderiam cruzar. A vítima mortal é o fotógrafo Henry Dahlström, que aparece morto depois de ter ganho uma fortuna nas corridas de cavalos. Dahlström é um alcoólico, que depois de ter sido um prometedor fotógrafo, passou a viver de biscates, essencialmente para alimentar o seu vício. Não é por isso de estranhar que o círculo de «amigos» seja no seu todo constituído por potenciais suspeitos, pois todos eles vivem num mundo de vícios e decadência.

Mais tarde desaparece Fanny, uma adolescente inevitavelmente complicada devido a viver com uma mãe completamente «destrambelhada» que a obriga a ser prematuramente adulta e madura. E isso tem o seu preço e deixa-a exposta aos «males» da sociedade.

Como em qualquer bom policial sueco, as chagas desta «perfeita» sociedade nórdica são implacavelmente expostas e denunciadas, pois além do alcoolismo, há a acrescentar os dramas familiares, as famílias disfuncionais, as vidas de fachada, a pedofilia, etc., seja em passagens directamente ligadas aos crimes, ou apenas ilustrativas do quadro geral.

Mari Jungstedt é mais poupada em palavras do que dita a tendência actual, o que é algo que até se saúda tendo em conta a proliferação de obras que se perdem na própria teia que tecem e acabam por dar mais importância aos floreados do que ao cerne da questão. Aqui não há gorduras a aparar, tudo é útil e essencial, mas não se pense por isso que é um thriller seco de carnes, está lá tudo o que é preciso. E o que é que é preciso? Um bom enredo, retorcido e surpreendente mas lógico, personagens bem construídas e humanamente viáveis, e uma boa contextualização social. Não traz nada de inovador ao género, mas também não estamos sempre à espera de novidades, certo? Sabe bem ler algo que siga (bem) as regras e não se perca em artificialidades e trivialidades. O que aqui se lê nestas 240 páginas é necessário e útil.

Por isso, aconselho a que sigam atentamente a investigação de Anders Knutas que será, ele próprio, surpreendido com o desenrolar dos acontecimentos. Tal como os leitores.»
Rui Azeredo, Porta-Livros
 
 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Crítica de Leitor: «A Estranha Viagem do Senhor Daldry»

«Durante um passeio com amigos, Alice é desafiada a consultar uma quiromante. Não é que Alice acredite nessas coisas, mas as palavras da vidente, com as suas indicações aparentemente impossíveis e a indicação de uma viagem a lugares distantes para encontrar o homem que mais importa na sua vida, acabam por se entranhar nos seus pensamentos, como se relacionadas com os pesadelos que lhe atormentam as noites. Assim, Alice vê-se dividida entre a sensação de que algo falta na sua vida e um lado racional que lhe diz que está a dar atenção a coisas irrelevantes. Mas o seu convívio com o vizinho, o estranho e um pouco amargo senhor Daldry, acaba por lhe dar os meios para seguir as pistas deixadas pela vidente. E a busca começa, tanto pelo homem da vida de Alice, como de novas ideias para o seu trabalho, como ainda de respostas para um passado bem diferente do que Alice julga conhecer. E uma das respostas que procura pode estar bem mais perto do que ela julga...


Construída de forma simples e com vários momentos enternecedores, este é um livro que surpreende pela forma como conjuga uma escrita directa, mas envolvente e com um lado emocional bastante cativante, com uma história que mistura um conjunto bastante inesperado de elementos, sem perder de vista a relevância das coisas simples. Esta é a história de uma viagem e, portanto, são necessários alguns desenvolvimentos a nível do local de destino, mas o autor desenvolve-os na medida em que são relevantes para a história, fazendo incidir sobre Daldry e Alice o protagonismo que lhes é devido. Alice parte com três objectivos diferentes, mas a sua busca de respostas para elementos tão distintos nunca coloca um aspecto acima dos outros. Há descrições interessantes da investigação de Alice junto dos perfumistas. As revelações do passado de Alice surgem de forma gradual, mas sem que este perca a relevância ao longo do enredo. (Este aspecto, aliás, culmina numa revelação particularmente enternecedora). E a busca pelo homem da vida de Alice equilibra, nas medidas certas, os sinais de uma relação que cresce gradualmente com os passos de uma procura que nunca se sobrepõe em demasia aos outros objectivos.

Não é difícil prever a conclusão para o lado romântico desta história, mas a forma como o autor a desenvolve faz com que esta continue a ser cativante, mesmo quando já é possível adivinhar parte das respostas para as perguntas de Alice. Além disso, a relação entre os dois viajantes e destes com as pessoas que encontram proporciona também momentos bastante interessantes, apresentando também personagens mais secundárias, mas com um papel importante a desempenhar e alguns momentos divertidos a que dar origem.

Esta é, pois, a história de uma demanda por várias respostas, uma história que, apesar de conjugar os diferentes elementos de uma busca complicada e os inevitáveis fardos do passado dos protagonistas, nunca perde a tocante simplicidade que a torna tão cativante. É uma história simples, no fundo, feita mais de pequenos momentos que propriamente das grandes surpresas. Mas é provavelmente essa simplicidade reconfortante, baseada na esperança de que talvez, apenas talvez, as respostas existam e conduzam a um final feliz, que torna tão enternecedora esta estranha viagem. Gostei.»
As Leituras do Corvo
 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Crítica de Leitor: «As Coisas Que Te Caem dos Olhos»

«A capa de um livro faz muito pelo seu sucesso. Neste "As Coisas Que Te Caem dos Olhos", a capa é mais do que um mero veículo de mercado, é um espelho do livro em si. Gabriele Picco escreve como quem pinta. O livro é, todo ele, composto por quadros de letras e pequenas gravuras que, em cada capítulo, imprimem no leitor um determinado estado de espírito, uma sensação ou uma emoção. Ler este livro foi como fazer uma viagem por um mundo alternativo, em que as coisas mais simples são iluminadas por uma luz diferente...


"Gardone recorda quando, aninhada num ovo, descobriu o quão frágeis eram as paredes do mundo que se despedaçavam com o bico, e que depois, como que por magia, davam a descobrir um outro mundo. E talvez ninguém saiba, mas as gaivotas como ela voam esperando encontrar um dia o calcanhar-de-aquiles do céu, o ponto exato em que, apenas com a força do bico, tudo se despedaçará de novo."

Delicioso.
Fantástica é, também, a habilidade com que o autor integra todas estas lindas imagens numa história com um fio condutor lógico.
Enternecedor, provocante e refrescante, este será um livro a considerar nas escolhas para este Verão!»
Páginas Desfolhadas



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Crítica de Leitor: «Ninguém Quis Saber»

«Ninguém Quis Saber caracteriza todos os invisíveis carentes de atenção com os quais no cruzamos diariamente, dos quais só nos lembramos quando já demasiado tarde. Diversas vidas díspares que, aparentemente, nada têm comum, abrem-nos as portas para um policial que aborda questões sociais muito diversificadas sem que, em momento algum, se perca como tema central uma minuciosa investigação.


Pedofilia, alcoolismo e diferentes tipos de dramas conjugais e familiares complementam-se e dão vida a um quadro criminal perfeito que não se priva de proporcionar ao leitor reviravoltas intensas e as respostas mais impensáveis.

Com personagens bem caracterizadas, cada uma delas abordando uma temática especifica que se interliga num todo, esta leitura facilmente agradará a qualquer leitor de policial e não só, devido às suas características peculiares, actuais, que representam o universo social no qual estamos incluídos mas do qual, automaticamente, nos excluímos. Fala-nos de uma jovem com problemas na escola e que sabemos não se conseguir incluir no seu meio porque Ninguém Quis Saber, Fanny. Fala-nos do vizinho que tem problemas com a bebida e que vos faz mudar de passeio quando cambaleia na nossa direcção e que acabará tristemente porque Ninguém Quis Saber, Henry. Mas, felizmente, ainda que seja no fim da linha, existe a esperança e a perseverança daqueles que se esforçam até às últimas instancias para descobrir o que realmente aconteceu relembrando-nos de um lado mais cru da vida, Anders.

Mari Jungstedt tem uma escrita perfeccionista, assertiva, que cuida proporcionar todas as peças do puzzle para que também o leitor se sinta incluído no desvendar do mistério exposto. As suas palavras não são ricas em sentimentalismos, ainda que exista um lado emocional que joga muito bem com os acontecimentos cadenciadamente abordados do crime, o que prende a atenção do leitor. A introdução rápida de factos, juntamente com algumas passagens no passado, são também factores que corroboram para manter a atracção, algo que persiste até ao final que, embora seja brusco, satisfaz plenamente quem lê com o factor surpresa utilizado no seu melhor o que, numa perspectiva pessoal, é essencial para um bom policial. Uma aposta acertada para os amantes do género, não tenho dúvidas.

Pessoalmente, eu tenho de confessar que não leio muitos policiais ainda que seja um tipo de leitura que me agrada e, como é caso, quando têm qualidade é realmente uma fonte de prazer. Desta feita, é complicado para mim tecer comparações, ou mesmo qualificar, ainda assim, na minha opinião, penso que este livro tem tudo o que é necessário para agradar a começar pelas personagens pouco aprofundadas mas suficientemente descritas para compreensão total dos desenvolvimentos, passando pela abordagem de questões interessantes e concluindo no desenlace admirável que se espera em qualquer história que envolva o crime e a lei. Por distracção, só após terminada a leitura é que cheguei a conclusão que este livro tem um antecedente que deveria ter lido e que tem também uma continuação com algumas personagens em comum, no entanto o facto de eu ter disfrutado plenamente da narrativa sem este conhecimento só lhe comprova ainda mais valor. Gostei muito.
Este pequeno livro é uma aposta Contraponto que já nos habituou a policiais de qualidade, entre eles encontra-se Ninguém Viu, da mesma autora. Uma leitura que sugiro, como não poderia deixar de ser depois de tudo o que foi dito, aos leitores de policial e thriller
Histórias de Elphaba
 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Novidades para as férias

Espreite aqui as novidades fresquinhas que a Contraponto lança este verão.