sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Tenha medo, muito medo...

Em novembro, depois do Halloween, o horror virá para ficar. A Contraponto edita Sangue Ruim, uma história perturbante e verdadeiramente claustrofóbica, mas que não vai conseguir resistir! Anne Holt, a mestra do policial nórdico, regressa aos escaparates portugueses, com a dupla Vik e Stubø em A Raiz do Ódio. E a vida de Callum Ormond continua enredada num tormento sem fim, pois o tempo começa a escassear e a sua vida e a da sua família está por um fio em Conspiração 365 - Novembro. Espreite aqui para conhecer em pormenor as novidades de novembro, mas cuidado, muito cuidado! Fica o aviso!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Na capa, título e imagem concordam na leveza e suavidade. Mas tudo muda por dentro. Em formato ficcionado contam-se as histórias de refugiados de guerra, mais precisamente de lituanos recambiados para a gélida Sibéria na época em que a Lituânia foi anexada pela União Soviética. A figura central é Lina, adolescente destemida, de língua solta e com queda para o desenho - dado que acaba por ser importante. São os seus passos que seguimos até ao campo de trabalhos forçados. Como seria de esperar, muitas das descrições são pesadas, horripilantes, com o seu quê de violência gráfica. Mas mantém-se um equilíbrio que permite a este livro ser mais do que um negro testemunho de guerra. A escrita de Sepetys arrasta o leitor para dentro do enredo, onde pode ver as personagens e os locais com clareza. Os flashbacks de Lina ajudam a criar esta ampla visão e também a abrandar o ritmo da história, tantas vezes ofegante.»

Ionline

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Ruta Sepetys é uma americana de origem lituana que se estreou este ano com um romance pungente acerca da violência exercida, durante a ocupação soviética, sobre centenas de milhares de lituanos. Inspirado na experiência de contemporâneos dos seus avós, O longo inverno mostra quão devastadoras foram as purgas estalinistas. No que à Lituânia diz respeito, entre 1940 e 1953 foram presos e deportados mais de trezentos mil nacionais.

A história do país é uma sucessão de rupturas: Estado independente até 1385, unido à Polónia de 1385 a 1918, de novo independente, ocupado pela Alemanha em 1939, anexado pela União Soviética em 1940 (ocupação que durou mais de 50 anos), independente mais uma vez a partir de 1991, embora o exército soviético ali permanecesse até Agosto de 1993.
Contudo, antes de ser outra coisa, O longo inverno é sobre o direito que temos à nossa própria identidade.
Lina Vilkas tinha 15 anos no dia em que foi deportada para a Sibéria: «Levaram-me em camisa de noite.» A ela, à mãe e ao irmão mais novo. Lina desconhece o paradeiro do pai, Kostas Vilkas, professor da universidade de Kaunas. Estamos em Junho de 1941. Quando recorda o que aconteceu nessa noite, tem presente o som dos punhos golpeando a porta. Os oficiais do NKVD (a polícia secreta de Estaline) deram vinte minutos para abandonarem a casa. Um desses oficiais apagou a beata acesa no chão imaculado da sala. Lina percebeu: «Estávamos prestes a transformar-nos em cigarros.» Antes de irem para o camião, a mãe esconde no casaco um maço de rublos e parte todos os cristais que tem em casa. «Destruíste propriedade soviética», grita um dos russos. Lina vê a mãe levar uma coronhada.
A sequência cronológica é entrecortada por pequenos trechos em itálico que fazem o flashback dos dias “antes dos russos”. Ruta Sepetys tem uma escrita que nunca se distrai do essencial. As seis semanas de viagem entre Kaunas e o campo de trabalho de Altai (na Sibéria) são descritos sem complacência pela voz de Lina. O comboio onde segue é um «caixão rolante». O buraco da latrina colectiva tem usos inesperados: serve para passar um naco de presunto ou fazer desaparecer o cadáver putrefacto de um bebé. Quando os cigarros acabam, Jonas (o irmão de Lina) e um amigo arrancam folhas dos Cadernos de Pickwick para enrolar tabaco. Lina fica irritada: ela gosta muito de Dickens e o livro tinha sido um presente da avó.
A meio do trajecto, numa paragem de rotina, Lina e o irmão encontram o pai. Kostas Vilkas está num dos vagões do “comboio dos homens”. O comboio de Lina só tem mulheres, velhos e crianças. Jonas e o rapaz de 17 anos que se tornou seu amigo escaparam do comboio dos homens porque as mães respectivas subornaram oficiais do NKVD, fazendo passar os filhos, à custa de rublos e jóias, por “atrasados”.
Quando chegaram a Altai foi como se tivessem saído de um "armário escuro". Iam ser vendidos como escravos. Se não tivessem sido deportados, Lina teria ido para uma escola de Arte. Mais de uma vez os seus desenhos (simbólicos ou literais) foram fonte de preocupação do pai e dos professores, sobretudo um, figurando Estaline num corpo de palhaço. Agora não. Os desenhos vão ser a sua arma: pode, com eles, enviar ao pai mensagens codificadas.
O tom narrativo isenta-se de harmónicas, a prosa martelada como numa peça dodecafónica. Lina não descreve uma viagem de recreio entre o Báltico e os Urais. Fala dos pais, do irmão, do amigo do irmão (e seu futuro marido), do velho delator, das mulheres com quem sobreviveu 42 dias no vagão de gado. Pessoas desapossadas das suas vidas, no limiar da indignidade.
O intervalo da unidade colectiva de produção de Altai dura 10 meses. A seguir é pior: em Trofimovsk, no Círculo Polar Ártico, a noite tem 180 dias. No horizonte, o mar de Laptev. Andrius, o amigo do irmão, ficou em Altai. Lina e Andrius estão apaixonados. Antes da morte da mãe tem notícia de que o pai morreu em Krasnoyarsk. Jonas sobrevive por milagre. O horror (violência, fome, frio, miasmas, doença) devém lugar-comum. A liberdade chega em 1953.
A edição portuguesa é a única que não respeita o título original da obra (algo como A vida em tons de cinza), traduzida em vários países, Brasil incluído.»
Ípsilon, Público

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Série de TV de «Conspiração 365»

Já começam a ser divulgadas as primeiras imagens dos atores que interpretam os papéis principais.

Para ver aqui.

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Um dos livros mais lindos que tive o prazer de ler até hoje. O Ladrão de Sombras tem a capacidade de roubar emoções como muito poucos o conseguem. Esta é a história de um rapaz que se tornou homem e que, enquanto homem, nunca conseguia afastar-se da sua sombra de rapaz. Repleta de ternura e amor, esta é uma narrativa maravilhosa, que nos conta os contornos do crescimento e evolução do ser humano, da sua capacidade emotiva de sentir e compreender o amor em todas as suas formas. Marc Levy tem uma escrita genialmente simples e é através da pureza das suas palavras que tão facilmente cativa e conquista o leitor que, enfeitiçado na sua trama mágica, se deixa afundar nas suas páginas com o desejo de não mais regressar.

O nosso protagonista tem o dom de ouvir e receber as sombras dos que o rodeiam, e se na sua infância isso foi um problema grave e incompreensível, com a maturidade revelou-se uma necessidade constante para poder ajudar o próximo e obter conhecimento próprio. Percorrendo mais de uma década somos levados entre os dramas da infância, na escola primária, e os devaneios de um jovem adulto que não se consegue concretizar, mas ainda assim trilhando os caminhos mais belos, complicados e acessíveis, do amor por todos os que lhe são próximos e aprendendo as mais bonitas lições.
Este foi o primeiro de muitos livros que desejo ler de Marc Levy. Com as lágrimas secas na face é para mim fácil divagar pelas ruas e os locais que fizeram do protagonista desta história um homem e que ficarão com certeza retidas na minha mente e na de todos aqueles que tiverem a oportunidade de ler esta obra. Parte da magia, da essência, que nos retém neste livro passa pela capacidade do personagem principal de ouvir e ver as sombras dos que com ele se cruzam. Uma sombra é como uma alma que fala mais do que o corpo consegue transmitir e o alcance que se atinge quando se tem esse dom é impressionantemente forte, arrebatando o nosso jovem desde muito cedo.
Entre a vontade e o medo de sentir, muitos são os dramas reais que vivemos na primeira pessoa durante a narrativa, quer seja um primeiro amor, uma paixão, um melhor amigo, ou mesmo um drama familiar, todos eles de uma forma ou de outra fizeram ou fazem parte de cada um de nós e a forma magistral como estão transcritos expõem a magnificência que esta historia transporta.
As personagens secundárias são como uma cereja no topo de um bolo que por si só é irresistível e apaixonante, e a capacidade, quase irreal, que o autor tem de reproduzir dramas reais na mentalidade de uma criança conquistam-nos sem qualquer tipo de pudor. Senti-me completamente fascinada por Luc, Sophie ou Cléa, pela forma como todos eles, cometendo erros altamente, simplesmente, humanos se tornam ainda mais próximos dos nossos corações.
O Ladrão de Sombras não pode ser descrito para não perder o seu encanto e esse é um facto irrefutável, no entanto não posso deixar de o aconselhar a todos aqueles que tem a capacidade de se deixar arrebatar por uma história surreal e agridoce, que não é mais do que um conto de fadas humano em que a magia está pura e simplesmente na forma de sentir.
Esta é uma opinião muito emotiva da minha parte como leitora, mas não posso deixar de vos falar da escrita de Marc Levy que sem dúvida vos marcará, crua e bela, aproxima-se de cada um de nós como um sussurro que permanece no ouvido. Cuidada e simples fluí a uma velocidade surpreendente e quando terminada a história fica a eterna saudade da perda e da conquista plena.
Dito isto, esta é uma leitura que aconselho fervorosamente, que irá repousar ao lado de A Mecânica do Coração, duas obras publicadas pela Contraponto que marcam um leitor por tempo indeterminado devido a tudo o que conseguem transmitir em narrativas soberanas e apaixonantes. Recomendo.»
Blogue As Histórias de Elphaba

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Crítica de Leitor: «Frakenstein - O Filho Pródigo»

«Não sendo grande apreciadora da literatura de terror – pelo simples facto de estar constantemente a deitar um olhar sob o ombro – foi com receio e alguma expectativa que iniciei a leitura deste fabuloso Frankenstein – O Filho Pródigo, contudo, foi aturdida e simplesmente aterrorizada com que a terminei. O pânico e o medo são dois dos elementos de maior destaque presentes ao longo da obra e embora, aquando da leitura, esse terror possa parecer um pouco camuflado ou sem grande potencialidade a verdade é que, de toda a vez que o livro é colocado de lado, o assombro e o perigo instalam-se, nomeadamente ao reflectir nas variadas situações escabrosas belissimamente descritas por Dean Koontz, e será esse frenesim e instabilidade interna que incitará o leitor a descobrir cada segredo, cada desumanidade e cada acção/consequência existentes em Frankenstein.

Há quem diga que a perfeição não existe. De facto, nos dias de hoje e no mundo em que vivemos, a perfeição é, na verdade, algo que não persiste, algo imutável e claramente pessoal. No entanto, para Victor Frankenstein – ou, mais recentemente, Victor Helios – a perfeição é algo não só alcançável como possível, principalmente por que, para todos os efeitos, foi das suas mãos, do seu conhecimento e do seu profundo e intenso estudo (e experiências) que Victor conseguiu atingir um patamar até então impensável. Ao fim de muitos, muitos anos de investigação e provas refutadas, Victor conquistou – finalmente – uma posição de destaque que não só lhe permite avançar a largos passos na sua mais recente demanda – e na propagação da Nova Raça – como, de igual modo, ter oportunidade de experienciar todo um diferente e espectacularmente horripilante novo nível de “vida”.
Foi também do entendimento de Victor “Frankenstein” Helios que saiu Deucalião. Um «monstro» intelectualmente desenvolvido que, ao longo do tempo, foi expandindo uma consciência quase humana que lhe permite sentir, discernir o certo do errado e saborear o amargo gosto da vingança para com um pai que julgava morto há décadas. Será na perspectiva de Deucalião que o leitor irá tomar conhecimento de algumas das atrocidades passadas pelo mesmo, ao livre arbítrio das decisões levadas a cabo por um Victor despreocupado e ambicioso.
Para além de Deucalião, o leitor trava ainda conhecimento com Randal Seis – um jovem parcialmente autista e que nasceu com dezoito anos, que procura a felicidade no sorriso de uma criança igualmente sofredora da doença –, Erika Quatro – posterior a Erika Três e inferior a Erika Cinco (que também já se encontra em fase de armazenamento) e actual esposa de Victor Helios que, sem totalmente se aperceber, começa a desenvolver uma certa humanidade e sensibilidade imprópria da sua espécie – e um assassino desconhecido e ausente que faz da sua descoberta incompreendida e totalmente impulsiva a morte de outros elementos da Nova Raça. Fora uma cabeça e uma mão que, mesmo sem qualquer outra parte do corpo em contacto, mantém uma ligação entre si, estes prodígios da ciência são os elementos principais que influenciam a trama com as suas acções inesperadas e que a conduzem por caminhos imprevisíveis e, por vezes, subitamente acidentais. A acompanhar temos um par invulgar mas super divertido de detectives, Carson e Michael, que, de certo modo, aliviam um pouco a tensão constante presente ao longo da narrativa e um assassino a sangue frio, o Cirurgião, que, para além de procurar a mulher ideal em partes físicas de outras mulheres, faz ainda tudo ao seu alcance para afastar o envelhecimento e, consequentemente, a morte.
Numa trama surpreendentemente imprevisível, recheada de surpresas e acidentes de percurso, Dean Koontz dá vida a uma série de personagens robustas, intrigantes e tenebrosas, nas quais recai o foco principal da narrativa. Os monstros da Nova Raça são de arrepiar e até mesmo os humanos, de um só coração, conseguem, por diversas vezes, deixar o leitor com pele de galinha. Fazendo ainda uso de uma linguagem rica, terrificamente voluptuosa e quase cinematográfica, Frankenstein apresenta-se como um excelente exemplar do terror no seu estado mais puro e extraordinário, deixando a questão no ar: será Nova Orleães capaz de sobreviver aos mais aterradores planos de Victor Frankenstein?
Frankenstein – A Cidade das Trevas foi já anunciado pela Contraponto e conta com lançamento agendado para o início do próximo mês de Setembro... conseguirá resistir? Eu cá sei que não!»
Pedacinho Literário

Crítica de Leitor: «Promessa de Sangue»

Para ler aqui.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Novidades para um outono quente

Com a chegada do outono, as temperaturas, ao contrário do que seria de se esperar, aumentaram e quase parece agosto. Porém, faça chuva ou faça sol, é sempre bom tempo para boas leituras. Para este mês, a Contraponto recomenda O Longo Inverno, de Ruta Sepetys, uma história arrebatadora que pretende dar voz às centenas de milhares de pessoas que perderam a vida durante as purgas estalinistas na região báltica. Sempre em contagem decrescente, Callum Ormond continua a sua corrida pela sobrevivência em Outubro. Espreite aqui as novidades da Contraponto para este mês.