quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Crítica de Leitor: «A Dama do Lago»

«Há vários autores de policiais actuais que nos têm trazido experiências emocionantes e intrigantes, no entanto, continuo a sentir uma grande atracção pelos autores do início do século XX. Não há dúvida que foi o grande boom criativo deste género, com inúmeros obras a tornarem-se clássicos intemporais. E é desse período que vem Raymond Chandler, uma aposta de louvar da Contraponto.

"A Dama do Lago" começa de forma lenta. Marlowe segue os trâmites normais de uma investigação privada, de acordo com as "regras" (ou falta delas) habituais. Fiquei mesmo um pouco apreensivo de início, julgando que fosse apenas mais um, de entre tantos outros.
Mas a história vai-se intrincando, o protagonista fortalecendo, sem pressas, sem precipitações, chegamos ao inevitável ponto em que não conseguimos pousar o livro até ao final apoteótico.»
Páginas Desfolhadas

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Crítica de Leitor: «Sangue Ruim»

«Com criaturas e cenários perfeitos de se englobar no mundo mágico de um Tim Burton, numa história sinistra para um público juvenil e jovem-adulto, Sangue Ruim é uma leitura leve mas que sabe como deixar a sua impressão naqueles que, como eu, são mais sensíveis ao género. Uma aposta interessante, da já tão singular Contraponto.»
Pedacinho Literário

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Eis o primeiro trailer!

Já se pode ver o trailer da série de TV da Conspiração 365 que estreia na Austrália em Janeiro. Por cá só podemos torcer que passe num dos canais por cabo como o AXN, a FOX ou a Sony.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Antevisão - 1º trimestre 2012

Já em janeiro de 2012, a Contraponto iniciará o ano com Eterna Saudade, de Lia Habel, em que dos escombros de uma cataclísmica Idade do Gelo, surge uma nova sociedade construída com base nos costumes e na moral vitoriana. Nora Dearly, uma jovem da alta sociedade neovitoriana, conhece Bram Griswold, um atraente soldado, corajoso, nobre… e morto, que apesar disso conserva a sua inteligência e todas as partes do seu corpo graças à sorte e à ciência moderna. E quando o vínculo de confiança entre eles se transforma em ternura, não há como voltar atrás. Eles sabem que a separação é inevitável, mas até lá, batendo ou não, os seus corações terão o que desejam. Outros destaques vão para o 3º volume da série Frankenstein de Dean Koontz em fevereiro, Morto e Vivo, e no terceiro mês do ano, Eu Não Sou Um Serial Killer, de Dan Wells, sobre John Cleaver, um sociopata de 15 anos que trabalha numa casa funerária, sonha com a morte e acha que pode vir a torna-se um serial killer; e Sangue Quente, de Isaac Marion, cuja adaptação ao cinema estreará nos EUA, em Agosto de 2012.

 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

«O Longo Inverno» - Melhor Romance Juvenil do Ano 2011

Depois da revista americana Kirkus Review, a revista francesa Lire nomeia O Longo Inverno como o melhor livro de 2011 para jovens adultos.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dois livros da Contraponto na lista de melhores do ano

A revista LER anuncia na edição deste mês de dezembro a lista dos melhores do ano.
Entre as distinções para o TOP 10 2011 de livros infanto-juvenis encontram-se dois editados pela Contraponto: Contos dos Subúrbios, de Shaun Tan, e A Evolução de Calpurnia Tate, de Jacqueline Kelly.


Crítica de Leitor: «Sangue Ruim»

«Numa divisão secreta de uma casa abandonada, há um jogo que nunca foi concluído. E, quando uma família conflituosa chega à casa, com o objectivo de passar umas férias em família (por mais complicadas que sejam as interacções entre os seus membros), despertam novamente os poderes que, no passado, foram criados por três raparigas com vontade de fugir do mundo real. E nem a casa, nem o bosque nem os estranhos que cruzam o seu caminho são completamente seguros quando, para além do conflito entre "irmãos", há seres imaginários que se movem... com vontade própria.

Há muito de interessante para descobrir neste livro. Uma história que começa com o que parece ser um simples drama familiar, quando um casal se junta e os filhos de ambos se recusam terminantemente a criar laços entre si, mas que cedo evolui para algo mais complexo com a chegada à casa de Fell Scar. E tudo isto é construído de forma intensa, com uma escrita cativante e com a medida certa de descrição, construindo cenários (e criaturas) invulgares, fascinantes e algo sinistras para definir um enredo envolvente e cheio de surpresas.
O contraste entre as diferentes personalidades serve como base para o choque entre as diferentes personagens. Catriona e Katherine, com a sua feroz inimizade diferenciam-se da prudente simpatia que se cria entre Roley e John. E, quando o sobrenatural e o improvável entram em cena, serão estes contrastes e rivalidades a ditar o caminho das diferentes personagens, dando à narrativa uma intensidade que torna a leitura compulsiva, tanto pela forma como os acontecimentos afectam as personagens, como até pela construção do lado "imaginário" do que vive em Fell Scar e de como este surgiu. Liga-se, portanto, um passado que, durante grande parte da narrativa, permanece um mistério, a uma série de acontecimentos do presente, num percurso surpreendente, com o equilíbrio certo de acção, emoção e mistério e feito de momentos muitíssimo bem conseguidos.
Sombrio, com laivos de macabro e uma história que se torna mais e mais intensa para culminar num final marcante, Sangue Ruim conjuga problemas normais com adversidades sobrenaturais, num livro viciante e surpreendente. Muito bom.»
As Leituras do Corvo

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Crítica de leitor: «O Longo Inverno»

«A vida de Lina muda na noite em que a polícia soviética invade a sua casa. Sonhos e esperanças desvanecem-se para dar lugar à simples luta pela sobrevivência ao longo de uma penosa viagem rumo à Sibéria onde, condenados por crimes que eles próprios mal conseguem conceber, Lina, a mãe e o irmão, juntamente com muitos outros incluídos nas infames listas, se verão obrigados a trabalhar em condições menos que desumanas... ou a deixar a vida ao frio e à fome. Esta é a história de um primeiro Inverno, de uma luta contra indiferença e crueldade, de um testemunho contra o silêncio dos homens e dos tempos. A história de uma rapariga, mas que poderia ser a de tantos outros...

É impressionante a forma como a crueldade - por actos ou por omissões - se reflecte na história de Lina e dos que a rodeiam. Impressionante particularmente pela forma como a autora constrói esta história (que, sendo ficção, se baseia em testemunhos reais), na voz de uma protagonista que, tendo apenas quinze anos, estabelece, no contraste entre a brutalidade de cada dia e a sua inocência e as certezas da juventude, um percurso devastador.
A escrita é simples e directa, reflexo da personalidade da rapariga que nos narra a história. Para Lina, tudo o que vê é certo e, quer na crueldade, quer nas (poucas) acções generosas com que convive (principalmente da parte dos seus carcereiros), é o sucedido que importa relatar. Não há, portanto, grandes divagações ou elaborações, mas simplesmente os acontecimentos tal como teriam sido e as emoções com todo o impacto do momento. Há, pois, um evidente contraste entre a simplicidade do testemunho e a complexidade da situação e é precisamente este contraste que faz deste livro uma obra tão marcante.
Apesar das aparentes certezas da protagonista, nada neste livro é a preto e branco. Cinzento é o ambiente que os rodeia, cinzento o âmbito das decisões dos que têm esse poder (sendo esta ambiguidade particularmente evidente em Kretzky), cinzento o equilíbrio entre uma esperança ténue e um desespero que ameaça suplantar todas as possibilidades. Nada nem ninguém neste livro é simplesmente aquilo que parece ser e, apesar da aparente simplicidade do relato, há tanto mais reflectido nas pequenas situações, nas atitudes e nas palavras mais simples que, entre bem e mal, esperança e desespero, vida e morte... tudo é uma escala de tons e de possibilidades. Há, portanto, uma conjugação perfeita entre o conteúdo e o título original deste livro - Between Shades of Gray.
Importa, por último, referir o final deste livro. Numa história onde as pequenas linhas de esperança são tudo o que há para suster o apego à vida, fica a impressão de algumas perguntas sem resposta, numa conclusão um pouco brusca. Conclusão que, apesar de tudo, faz sentido, uma vez que é o tal "primeiro Inverno", com todas as suas provações, o ponto fulcral deste livro. Seria interessante, ainda assim, depois de tantas demonstrações de amor e lealdade em tempos de desespero, ver quanta da esperança era acertada e quantas promessas foram cumpridas.
Fica, pois, desta leitura, o impacto de uma obra que reflecte a crueldade humana num dos seus pontos máximos, mas também o afecto e a solidariedade quando um pequeno gesto basta para mudar tudo. De leitura compulsiva, emocionalmente devastador e com um poderoso contraste entre inocência e indiferença, um livro impressionante.»
As Leituras do Corvo

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ofereça livros neste Natal

Um livro é um dos melhores presentes que se pode oferecer no Natal.
A Contraponto apresenta algumas sugestões de livros para oferecer aos seus familiares e amigos:

 

 

 


Para os mais pequenos:

 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Degredo na Sibéria

É uma página esquecida da História, das repúblicas bálticas, Lituânia, Letónia e Estónia, anexadas pela URSS, na sequênci da partilha feita com o Reich alemão, em 1941. Ruta Sepetys, nascida no estado de Michigan, é descendente de refugiados lituanos e dispôs-se a recuperar a memória do calvário que milhares de pessoas padeceram ao serem deportadas para a Sibéria. Recolheu inúmeros testemunhos e teceu uma história exemplar desse tempo, quando os sicários de Estaline prenderam homens, mulheres e crianças, na sua maioria pertencentes às classes profissionais e cultas, medida que qualquer regime totalitário não descura para inviabilizar que no tecido social permaneça um módico de inteligência. A vida no gulag, o "arquipélgado" da infâmia, está hoje em dia bastante bem documentado. Mas ainda há histórias para contar, e não só naquela parte do mundo. Elegendo a vida de uma família, a autora sintetiza uma vivência feita de horrores quotidianos, pequenos e grandes gestos de abnegação, coragem e destemor face às condições de cativeiro, num ambiente e clima inóspitos. A jovem de 16 que toma a condução de O Longo Inverno (Contraponto, tradução de Susana Sousa e Silva) recolhe, sobrevive e testemunha a vida de quem já não existia enquanto humanidade de pleno direito. "Existiam milhares de pessoas como nós, quase todas morreram", escreve a protagonista desta versão romanceada do período negro. "Este testemunho foi escrito para que haja um registo completo, para poder falar num mundo onde as nossas vozes foram silenciadas".»
Revista LER

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Preview - «Sangue Quente»

Em 2012 a Contraponto publica este livro:


que está a ser adaptado ao cinema pela Summit Entertainment, a mesma produtora dos filmes da Saga Twilight, e já foi divulgada a primeira imagem promocional do filme:



A história:
R é um jovem com uma crise existencial – ele é um zombie. Ele vagueia por uma América destruida pela guerra, pelo colapso social, e pela fome desmesurada dos seus companheiros mortos-vivos, mas ele anseia algo mais que sangue e cérebros. Ele pode falar somente algumas sílabas grunhidas, mas a sua vida interior é profunda, plena de maravilha e desejo. Ele não tem quaisquer memórias, nem identidade, nem pulsação, mas tem sonhos. Depois de vivenciar as memórias de um menino adolescente ao consumir o seu cérebro, R faz uma escolha inesperada que começa com um tenso, desajeitado, e estranhamente doce relacionamento com a namorada humana da vítima. Julie é uma explosão de cor no meio da sombria e cinzenta paisagem que cerca R. A sua decisão de protegê-la vai transformar não apenas R, mas também o seu companheiro Morto, e talvez o seu mundo inteiro. Assustador, divertido, e surpreendentemente pungente, Sangue Quente é sobre estar-se vivo, estando morto, e a linha obscura entre os dois.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Tenha medo, muito medo...

Em novembro, depois do Halloween, o horror virá para ficar. A Contraponto edita Sangue Ruim, uma história perturbante e verdadeiramente claustrofóbica, mas que não vai conseguir resistir! Anne Holt, a mestra do policial nórdico, regressa aos escaparates portugueses, com a dupla Vik e Stubø em A Raiz do Ódio. E a vida de Callum Ormond continua enredada num tormento sem fim, pois o tempo começa a escassear e a sua vida e a da sua família está por um fio em Conspiração 365 - Novembro. Espreite aqui para conhecer em pormenor as novidades de novembro, mas cuidado, muito cuidado! Fica o aviso!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Na capa, título e imagem concordam na leveza e suavidade. Mas tudo muda por dentro. Em formato ficcionado contam-se as histórias de refugiados de guerra, mais precisamente de lituanos recambiados para a gélida Sibéria na época em que a Lituânia foi anexada pela União Soviética. A figura central é Lina, adolescente destemida, de língua solta e com queda para o desenho - dado que acaba por ser importante. São os seus passos que seguimos até ao campo de trabalhos forçados. Como seria de esperar, muitas das descrições são pesadas, horripilantes, com o seu quê de violência gráfica. Mas mantém-se um equilíbrio que permite a este livro ser mais do que um negro testemunho de guerra. A escrita de Sepetys arrasta o leitor para dentro do enredo, onde pode ver as personagens e os locais com clareza. Os flashbacks de Lina ajudam a criar esta ampla visão e também a abrandar o ritmo da história, tantas vezes ofegante.»

Ionline

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Ruta Sepetys é uma americana de origem lituana que se estreou este ano com um romance pungente acerca da violência exercida, durante a ocupação soviética, sobre centenas de milhares de lituanos. Inspirado na experiência de contemporâneos dos seus avós, O longo inverno mostra quão devastadoras foram as purgas estalinistas. No que à Lituânia diz respeito, entre 1940 e 1953 foram presos e deportados mais de trezentos mil nacionais.

A história do país é uma sucessão de rupturas: Estado independente até 1385, unido à Polónia de 1385 a 1918, de novo independente, ocupado pela Alemanha em 1939, anexado pela União Soviética em 1940 (ocupação que durou mais de 50 anos), independente mais uma vez a partir de 1991, embora o exército soviético ali permanecesse até Agosto de 1993.
Contudo, antes de ser outra coisa, O longo inverno é sobre o direito que temos à nossa própria identidade.
Lina Vilkas tinha 15 anos no dia em que foi deportada para a Sibéria: «Levaram-me em camisa de noite.» A ela, à mãe e ao irmão mais novo. Lina desconhece o paradeiro do pai, Kostas Vilkas, professor da universidade de Kaunas. Estamos em Junho de 1941. Quando recorda o que aconteceu nessa noite, tem presente o som dos punhos golpeando a porta. Os oficiais do NKVD (a polícia secreta de Estaline) deram vinte minutos para abandonarem a casa. Um desses oficiais apagou a beata acesa no chão imaculado da sala. Lina percebeu: «Estávamos prestes a transformar-nos em cigarros.» Antes de irem para o camião, a mãe esconde no casaco um maço de rublos e parte todos os cristais que tem em casa. «Destruíste propriedade soviética», grita um dos russos. Lina vê a mãe levar uma coronhada.
A sequência cronológica é entrecortada por pequenos trechos em itálico que fazem o flashback dos dias “antes dos russos”. Ruta Sepetys tem uma escrita que nunca se distrai do essencial. As seis semanas de viagem entre Kaunas e o campo de trabalho de Altai (na Sibéria) são descritos sem complacência pela voz de Lina. O comboio onde segue é um «caixão rolante». O buraco da latrina colectiva tem usos inesperados: serve para passar um naco de presunto ou fazer desaparecer o cadáver putrefacto de um bebé. Quando os cigarros acabam, Jonas (o irmão de Lina) e um amigo arrancam folhas dos Cadernos de Pickwick para enrolar tabaco. Lina fica irritada: ela gosta muito de Dickens e o livro tinha sido um presente da avó.
A meio do trajecto, numa paragem de rotina, Lina e o irmão encontram o pai. Kostas Vilkas está num dos vagões do “comboio dos homens”. O comboio de Lina só tem mulheres, velhos e crianças. Jonas e o rapaz de 17 anos que se tornou seu amigo escaparam do comboio dos homens porque as mães respectivas subornaram oficiais do NKVD, fazendo passar os filhos, à custa de rublos e jóias, por “atrasados”.
Quando chegaram a Altai foi como se tivessem saído de um "armário escuro". Iam ser vendidos como escravos. Se não tivessem sido deportados, Lina teria ido para uma escola de Arte. Mais de uma vez os seus desenhos (simbólicos ou literais) foram fonte de preocupação do pai e dos professores, sobretudo um, figurando Estaline num corpo de palhaço. Agora não. Os desenhos vão ser a sua arma: pode, com eles, enviar ao pai mensagens codificadas.
O tom narrativo isenta-se de harmónicas, a prosa martelada como numa peça dodecafónica. Lina não descreve uma viagem de recreio entre o Báltico e os Urais. Fala dos pais, do irmão, do amigo do irmão (e seu futuro marido), do velho delator, das mulheres com quem sobreviveu 42 dias no vagão de gado. Pessoas desapossadas das suas vidas, no limiar da indignidade.
O intervalo da unidade colectiva de produção de Altai dura 10 meses. A seguir é pior: em Trofimovsk, no Círculo Polar Ártico, a noite tem 180 dias. No horizonte, o mar de Laptev. Andrius, o amigo do irmão, ficou em Altai. Lina e Andrius estão apaixonados. Antes da morte da mãe tem notícia de que o pai morreu em Krasnoyarsk. Jonas sobrevive por milagre. O horror (violência, fome, frio, miasmas, doença) devém lugar-comum. A liberdade chega em 1953.
A edição portuguesa é a única que não respeita o título original da obra (algo como A vida em tons de cinza), traduzida em vários países, Brasil incluído.»
Ípsilon, Público

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Série de TV de «Conspiração 365»

Já começam a ser divulgadas as primeiras imagens dos atores que interpretam os papéis principais.

Para ver aqui.

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Um dos livros mais lindos que tive o prazer de ler até hoje. O Ladrão de Sombras tem a capacidade de roubar emoções como muito poucos o conseguem. Esta é a história de um rapaz que se tornou homem e que, enquanto homem, nunca conseguia afastar-se da sua sombra de rapaz. Repleta de ternura e amor, esta é uma narrativa maravilhosa, que nos conta os contornos do crescimento e evolução do ser humano, da sua capacidade emotiva de sentir e compreender o amor em todas as suas formas. Marc Levy tem uma escrita genialmente simples e é através da pureza das suas palavras que tão facilmente cativa e conquista o leitor que, enfeitiçado na sua trama mágica, se deixa afundar nas suas páginas com o desejo de não mais regressar.

O nosso protagonista tem o dom de ouvir e receber as sombras dos que o rodeiam, e se na sua infância isso foi um problema grave e incompreensível, com a maturidade revelou-se uma necessidade constante para poder ajudar o próximo e obter conhecimento próprio. Percorrendo mais de uma década somos levados entre os dramas da infância, na escola primária, e os devaneios de um jovem adulto que não se consegue concretizar, mas ainda assim trilhando os caminhos mais belos, complicados e acessíveis, do amor por todos os que lhe são próximos e aprendendo as mais bonitas lições.
Este foi o primeiro de muitos livros que desejo ler de Marc Levy. Com as lágrimas secas na face é para mim fácil divagar pelas ruas e os locais que fizeram do protagonista desta história um homem e que ficarão com certeza retidas na minha mente e na de todos aqueles que tiverem a oportunidade de ler esta obra. Parte da magia, da essência, que nos retém neste livro passa pela capacidade do personagem principal de ouvir e ver as sombras dos que com ele se cruzam. Uma sombra é como uma alma que fala mais do que o corpo consegue transmitir e o alcance que se atinge quando se tem esse dom é impressionantemente forte, arrebatando o nosso jovem desde muito cedo.
Entre a vontade e o medo de sentir, muitos são os dramas reais que vivemos na primeira pessoa durante a narrativa, quer seja um primeiro amor, uma paixão, um melhor amigo, ou mesmo um drama familiar, todos eles de uma forma ou de outra fizeram ou fazem parte de cada um de nós e a forma magistral como estão transcritos expõem a magnificência que esta historia transporta.
As personagens secundárias são como uma cereja no topo de um bolo que por si só é irresistível e apaixonante, e a capacidade, quase irreal, que o autor tem de reproduzir dramas reais na mentalidade de uma criança conquistam-nos sem qualquer tipo de pudor. Senti-me completamente fascinada por Luc, Sophie ou Cléa, pela forma como todos eles, cometendo erros altamente, simplesmente, humanos se tornam ainda mais próximos dos nossos corações.
O Ladrão de Sombras não pode ser descrito para não perder o seu encanto e esse é um facto irrefutável, no entanto não posso deixar de o aconselhar a todos aqueles que tem a capacidade de se deixar arrebatar por uma história surreal e agridoce, que não é mais do que um conto de fadas humano em que a magia está pura e simplesmente na forma de sentir.
Esta é uma opinião muito emotiva da minha parte como leitora, mas não posso deixar de vos falar da escrita de Marc Levy que sem dúvida vos marcará, crua e bela, aproxima-se de cada um de nós como um sussurro que permanece no ouvido. Cuidada e simples fluí a uma velocidade surpreendente e quando terminada a história fica a eterna saudade da perda e da conquista plena.
Dito isto, esta é uma leitura que aconselho fervorosamente, que irá repousar ao lado de A Mecânica do Coração, duas obras publicadas pela Contraponto que marcam um leitor por tempo indeterminado devido a tudo o que conseguem transmitir em narrativas soberanas e apaixonantes. Recomendo.»
Blogue As Histórias de Elphaba

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Crítica de Leitor: «Frakenstein - O Filho Pródigo»

«Não sendo grande apreciadora da literatura de terror – pelo simples facto de estar constantemente a deitar um olhar sob o ombro – foi com receio e alguma expectativa que iniciei a leitura deste fabuloso Frankenstein – O Filho Pródigo, contudo, foi aturdida e simplesmente aterrorizada com que a terminei. O pânico e o medo são dois dos elementos de maior destaque presentes ao longo da obra e embora, aquando da leitura, esse terror possa parecer um pouco camuflado ou sem grande potencialidade a verdade é que, de toda a vez que o livro é colocado de lado, o assombro e o perigo instalam-se, nomeadamente ao reflectir nas variadas situações escabrosas belissimamente descritas por Dean Koontz, e será esse frenesim e instabilidade interna que incitará o leitor a descobrir cada segredo, cada desumanidade e cada acção/consequência existentes em Frankenstein.

Há quem diga que a perfeição não existe. De facto, nos dias de hoje e no mundo em que vivemos, a perfeição é, na verdade, algo que não persiste, algo imutável e claramente pessoal. No entanto, para Victor Frankenstein – ou, mais recentemente, Victor Helios – a perfeição é algo não só alcançável como possível, principalmente por que, para todos os efeitos, foi das suas mãos, do seu conhecimento e do seu profundo e intenso estudo (e experiências) que Victor conseguiu atingir um patamar até então impensável. Ao fim de muitos, muitos anos de investigação e provas refutadas, Victor conquistou – finalmente – uma posição de destaque que não só lhe permite avançar a largos passos na sua mais recente demanda – e na propagação da Nova Raça – como, de igual modo, ter oportunidade de experienciar todo um diferente e espectacularmente horripilante novo nível de “vida”.
Foi também do entendimento de Victor “Frankenstein” Helios que saiu Deucalião. Um «monstro» intelectualmente desenvolvido que, ao longo do tempo, foi expandindo uma consciência quase humana que lhe permite sentir, discernir o certo do errado e saborear o amargo gosto da vingança para com um pai que julgava morto há décadas. Será na perspectiva de Deucalião que o leitor irá tomar conhecimento de algumas das atrocidades passadas pelo mesmo, ao livre arbítrio das decisões levadas a cabo por um Victor despreocupado e ambicioso.
Para além de Deucalião, o leitor trava ainda conhecimento com Randal Seis – um jovem parcialmente autista e que nasceu com dezoito anos, que procura a felicidade no sorriso de uma criança igualmente sofredora da doença –, Erika Quatro – posterior a Erika Três e inferior a Erika Cinco (que também já se encontra em fase de armazenamento) e actual esposa de Victor Helios que, sem totalmente se aperceber, começa a desenvolver uma certa humanidade e sensibilidade imprópria da sua espécie – e um assassino desconhecido e ausente que faz da sua descoberta incompreendida e totalmente impulsiva a morte de outros elementos da Nova Raça. Fora uma cabeça e uma mão que, mesmo sem qualquer outra parte do corpo em contacto, mantém uma ligação entre si, estes prodígios da ciência são os elementos principais que influenciam a trama com as suas acções inesperadas e que a conduzem por caminhos imprevisíveis e, por vezes, subitamente acidentais. A acompanhar temos um par invulgar mas super divertido de detectives, Carson e Michael, que, de certo modo, aliviam um pouco a tensão constante presente ao longo da narrativa e um assassino a sangue frio, o Cirurgião, que, para além de procurar a mulher ideal em partes físicas de outras mulheres, faz ainda tudo ao seu alcance para afastar o envelhecimento e, consequentemente, a morte.
Numa trama surpreendentemente imprevisível, recheada de surpresas e acidentes de percurso, Dean Koontz dá vida a uma série de personagens robustas, intrigantes e tenebrosas, nas quais recai o foco principal da narrativa. Os monstros da Nova Raça são de arrepiar e até mesmo os humanos, de um só coração, conseguem, por diversas vezes, deixar o leitor com pele de galinha. Fazendo ainda uso de uma linguagem rica, terrificamente voluptuosa e quase cinematográfica, Frankenstein apresenta-se como um excelente exemplar do terror no seu estado mais puro e extraordinário, deixando a questão no ar: será Nova Orleães capaz de sobreviver aos mais aterradores planos de Victor Frankenstein?
Frankenstein – A Cidade das Trevas foi já anunciado pela Contraponto e conta com lançamento agendado para o início do próximo mês de Setembro... conseguirá resistir? Eu cá sei que não!»
Pedacinho Literário

Crítica de Leitor: «Promessa de Sangue»

Para ler aqui.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Novidades para um outono quente

Com a chegada do outono, as temperaturas, ao contrário do que seria de se esperar, aumentaram e quase parece agosto. Porém, faça chuva ou faça sol, é sempre bom tempo para boas leituras. Para este mês, a Contraponto recomenda O Longo Inverno, de Ruta Sepetys, uma história arrebatadora que pretende dar voz às centenas de milhares de pessoas que perderam a vida durante as purgas estalinistas na região báltica. Sempre em contagem decrescente, Callum Ormond continua a sua corrida pela sobrevivência em Outubro. Espreite aqui as novidades da Contraponto para este mês.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Primeiras imagens da série de TV de «Conspiração 365»

As filmagens da série de TV começaram em Junho e durarão um total de 26 semanas. Com um custo de 13 milhões de dólares, é até ao momento a série mais cara alguma vez feita na Austrália para televisão por cabo. Aqui estão algumas das primeiras fotografias oficiais desta mega produção.






Crítica de Leitor: «Frankenstein - A Cidade das Trevas»

«“A guinchar, a uivar, a berrar, as caras suadas toldadas pelo desejo, iluminadas pelos archotes, espezinhavam o que tinham vaiado antes, matando ritualmente aqueles que já estavam mortos, o fogo de barragem dos pés a fazer tremer a noite com a promessa de guerra final que está para vir.”

Dando continuidade ao primeiro romance, acompanhamos a tentativa de Hélios (Victor Frankenstein) de conquistar o mundo. Contudo, começa também a perder o controlo sobre as suas criações, a quem dá o nome da Nova Raça.
“Proibidos de matar como lhes aprouvesse, os outros membros da Nova Raça viviam com inveja do livre arbítrio de que gozavam os membros da Velha Raça. Esta inveja carregada de amargura de dia para dia, exprimia-se num desespero e numa raiva reprimida que não tinha consolo.”
O livre arbítrio que muitos da Nova Raça tanto ansiavam, começa aos poucos a ser-lhes acessível. Mas Helios terá também que lidar com outro problema igualmente grande: algumas das suas criações que tiveram resultados inesperados estão a revelar-se um grande obstáculo à sua intenção, dominar o mundo.
Novamente, são-nos apresentados capítulos muito curtos, expondo a incapacidade dos vários intervenientes face à sua condição, humana ou não. Personagens que carecem de uma maior caracterização, dada a complexidade das mesmas, tanto as já apresentadas no volume anterior como as novas. Não obstante – expressão muito usada pelo autor/tradutor –, não deixam de ser ainda assim muito interessantes e peculiares, em particular Erika.
Mas às várias personagens está reservado um outro propósito maior, o de representarem novamente um tom crítico e satírico à sociedade. Tal, constitui um dos pontos mais interessantes do livro (e possivelmente de toda a trilogia).»
Bela Lugosi Is Dead

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Crítica de Leitor: «Pensei Que Tinhas Morrido»

«Pensei que Tinhas Morrido é um romance emocionante, nostálgico, que nos recorda, que vale a pena arriscar e ter coragem para mudar o rumo da nossa vida.

Paul Gustavson é um homem de meia idade, solitário, infeliz e com um emprego inseguro. A mulher deixou-o e a sua namorada mantém uma relação em simultâneo com outro homem. A família vive longe, o seu pai sofreu um enfarte e a relação com o seu irmão nunca foi exemplar. Até mesmo a sua saúde atravessa uma fase má, Paul tem um problema com o álcool e excesso de peso.
Numa vida perseguida pelo insucesso, dificuldades e tristezas, a sua cadela, Stella, é o seu porto seguro. Stella é uma cadela idosa muito especial, consegue falar com Paul. Além de ser uma boa companhia, é também confidente, amiga e muito inteligente. Ajuda-o muitas vezes a enfrentar e compreender as situações desagradáveis que surgem na sua vida. Juntos há quinze anos, têm partilhado uma vida cheia de ternura, dedicação e amor.
Pensei que Tinhas Morrido é uma leitura envolvente, comovente, com situações divertidas e momentos tristes, que nos tocam no coração. Um romance real, sobre a mágoa, a perda e o amor incondicional.
As personagens são interessantes, autênticas e passam por dificuldades com que já nos deparámos, directa ou indirectamente na nossa vida. Paul e Stella destacam-se das inúmeras personagens que nos são apresentadas. A relação que estabelecem encanta o leitor e transforma este romance num livro surpreendente até à última página.
Peter Nelson é um excelente escritor, consegue render o leitor, com emoções muito bem transmitidas e embala-nos numa leitura cheia de ternura e amor.
Uma leitura imprevisível, sincera e, sem dúvida, vinda do coração.
Recomendo.»
Segredo dos Livros

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Destaque: «Michael Tolliver Está Vivo»

Já saiu em 2009, mas merece ser relembrado, pelo que damos um novo destaque para os nossos Leitores.

Michael Tolliver Está Vivo
Armistead Maupin

«Maupin nega que este seja o sétimo volume da sua popular série Tales of the City, mas, felizmente, é exactamente isso que é, cheio de estilo e criatividade. Da última vez que vimos os habitantes do n.º 28 de Barbary Lane, estávamos em 1989, e Michael “Mouse” Tolliver estava a enfrentar a suposta sentença de morte do HIV positivo. Agora, os cocktails de medicamentos deram-lhe uma nova esperança de vida, ao mesmo tempo que injecções de testosterona e doses de Viagra lhe permitem ter uma vida sexual plena e inventiva com o novo namorado, Ben, “vinte e um anos mais novo que eu – na verdade, é um adulto inteiro mais novo que eu, se quiserem ver as coisas dessa forma.” O n.º 28 de Barbary Lane já não existe, mas os antigos inquilinos estão bem, a sua maioria em exílio. Maupin introduz uma variedade de referências encantadoras, mas a história pertence a Mouse, cujas viagens pelos mores sexuais transgressivos e plurisexuais de São Francisco são tão cativantes quanto o eram no primeiro volume de Tales of the City

Publishers Weekly

«Armistead Maupin e a sua popular série Tales of the City evoluíram a partir de uma coluna do San Francisco Chronicle e atraíram uma vasta quantidade de seguidores leais. A estes leitores, bem como para os recém-chegados à obra de Maupin, espera-os uma bela surpresa com este novo livro.»
Bookmarks

«O título deste romance encantador e comovente é perfeitamente pertinente à história que conta. Um livro que, sendo enternecedor, nunca chega a ser sentimental.»
Booklist

«A escrita de Maupin continua divertida e atrevida.»
Miami Herald

«Carinhoso e divertido.»
Kirkus Reviews

«Uma evocação estética de Balzac.»
Los Angeles Times

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Ao ler "O Ladrão de Sombras" não pude deixar de comparar a aparente simplicidade da história com a de "O principezinho". Ou seja, uma história com uma grande mensagem, que deve ser analisada ao pormenor para que possamos entender a sua mensagem. Porque com esta história simples Marc Levy já me tinha convencido mas agora estou totalmente rendida.

"O Ladrão de Sombras" narra a sua própria história e assim podemos acompanhar o seu crescimentos, a sua perspetiva de tudo o que o rodeia e de como lida com as emoções. A história é naraada em duas fases da sua vida, a de criança e a que já é adulto e formado.
O Narrador bem cedo descobre que tem a capacidade ou chamemos-lhe o dom de "roubar" as sombras que se cruzam no seu caminho, ficando assim a saber tudo sobre elas, todas as suas emoções.
O enredo começa quando o "O Ladrão de Sombras" se muda para uma nova escola, onde se vai ter de adaptar. As coisas não correm tão mal como esperava, fez de imediato um amigo. Pouco tempo depois a sua vida sofre uma reviravolta uma vez que o seu pai sai de casa, fica só com a sua mãe.
Num verão vai de férias e aí conhece Cléa, da qual se torna de imediato inseparável. Entendem-se de uma maneira única com grande cumplicidade e apaixona-se pela primeira vez. Este momento fica para sempre marcado na sua vida, é o seu sinónimo de felicidade.
Ele tem um poder "mágico" caso a sua sombra cruze com a de alguém ele fica a saber o que esta sente, podendo mesmo trocar a sua sombra na dele. Ao trocar de sombras ele compreende o medo de quem o rodeia.
Na sua vida como adulto acabou de se formar em medicina e está a fazer o internato, namora com uma colega. Numa das suas viagens a casa para ver a sua mãe, a sombra do seu amigo de infância cruza se com a dele, e apercebe-se que tem de fazer algo pelo seu amigo.
Ao crescer vai questionar se deve voltar a usar o seu dom para ajudar alguns dos seus pacientes e amigos , ou até mesmo para encontrar a sua felicidade.
O dom de "roubar as sombras" pode até ser um dom mágico, pessoalmente penso que é uma forma de dizer que todos temos uma sombra (medos, desejos, frustrações) que se podem cruzar com a de outros e se nós estivermos atentos pudemos ajudar e a entender os outros. Ou seja uma forma de dizer que temos de olhar por nós e pelos outros.
Um enredo simples direto mas carregado de muita emoção e cheio de significado, que nos deixa a pensar que temos de aceitar as decisões de quem nos rodeia, que devemos ajudar e estar atentos a quem nos rodeia. E principalmente de como não devemos desistir daquilo que queremos e que devemos sempre lutar.
Todos os livros de Marc são marcantes …mas apaixone-me desde das primeiras páginas por "O Ladrão de Sombras". Sempre tive "O Principezinho" como referência, agora acrescento "O Ladrão de Sombras" devido ao sua mensagem.
Realmente tocante, verdadeiramente emocionante sobre os sonhos, receios e medos de um rapaz. E de como se ouvir e tomar atenção vai poder ajudar quem o rodeia e principalmente a si próprio.»
Esmiuça o Livro

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Eu Não Sou Um Serial Killer

Capa estrangeira
A Contraponto adquiriu recentemente os direitos de edição para Portugal da trilogia de Dan Wells, com os títulos I Am Not a Serial Killer, Mr. Monster e I Don't Want to Kill You. A saída do primeiro volume está programada para meados do primeiro trimestre de 2012, com o título em português Eu Não Sou Um Serial Killer.

Eu Não Sou Um Serial Killer conta a história de John Cleaver, um sociopata de 15 anos que trabalha numa casa funerária, sonha com a morte e acha que pode vir a torna-se um serial killer. Para manter-se no "bom caminho" e ser "normal", John cria um conjunto de regras que segue à risca. Porém, quando um monstro verdadeiro aparece na cidade onde vive, ele tem de deixar o seu lado negro manifestar-se para poder detê-lo. Mas sem as suas regras para manter-se sob controlo, John poderá tornar-se mais perigoso que o monstro que está a tentar matar...
Dan Wells nasceu com tenra idade, matou um homem só para vê-lo morrer e comeu a última manga em Paris. Depois escreveu este livro.

Não perca!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Imprensa: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«A Ciência da Literatura


Infelizmente, não é frequente um livro juvenil ser uma obra literária. Não invalida que a história seja bem contada, sequer que a fórmula não seja louvável, divertida, contagiante... Mas a literatura é mais do que isso. E ler este livro, que tem a teoria da evolução das espécies de Darwin como "leitmotiv", é aceder a uma verdadeira narrativa literária. É uma história de época, na viragem do séc. XIX para o séc. XX no sul dos EUA, narrada na primeira pessoa com desenvoltura, em que uma rapariga de doze anos vai descobrindo um mundo de liberdade através da ciência, à qual acede de forma semi-secreta através do seu excêntrico avô. Esta experiência, que percorre todo o livro, contribui para alterar a percepção que Calpurnia tem do universo social que a rodeia e que a tenta preparar para uma função que não lhe interessa. "A Evolução de Calpurnia Tate" é um exemplo de uma novela bem construída, em que os temas escolhidos se entrelaçam sem se sobreporem ou soarem forçados, e a informação revela-se sempre necessária. Como tantas outras obras juvenis, este livro (o primeiro de Jacqueline Kelly) é transversal, que agradará tanto a adolescentes como a adultos.»
Os Meus Livros

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

«Conspiração 365» adaptada a TV

A saga Conspiração 365, de Gabrielle Lord, vai ser adaptada a série de televisão, na Austrália, com data de estreia marcada para Janeiro de 2012. A série, que contará para já com 12 episódios de 1 hora, já está a ser filmada.

O elenco:



Imagens da série:







Comparado à série "24", mas em versão juvenil, Conspiração 365 acompanha a história de um adolescente, Callum Ormond, que na véspera de Ano Novo, é seguido por um estranho homem que lhe deixa um alerta: “Mataram o teu pai. Vão matar-te. Tens de sobreviver nos próximos 365 dias!” Forçado a uma vida em fuga e com a cabeça a prémio, o fugitivo de 15 anos vê-se sozinho, sem ter quem o ajude. Perseguido pela Lei e por criminosos impiedosos, Cal tem de descobrir a verdade sobre a misteriosa morte do seu pai e um segredo capaz de mudar o rumo da História. A quem pode ele recorrer? Em quem pode ele confiar quando parece que o mundo inteiro o quer ver morto?
Editado em 13 países, é uma das séries juvenis de maior sucesso na Austrália, nos EUA, no Reino Unido e em França.

Elogios:
«... um thriller magnificamente escrito...»
Australian Women's Weekly

«... estabelece Gabrielle Lord como uma das melhores autoras de thrillers do mundo.»
Canberra Times

Contraponto edita «Dearly Departed» (Actualização)

A Contraponto adquiriu os direitos de edição em Portugal do livro Dearly Departed (título em Portugal "Eterna Saudade"), de Lia Habel, um livro que está a gerar grande buzz e ainda nem saiu nos EUA. Com lançamento previsto para Outubro, este será um lançamento mundial.

Capa estrangeira

Eterna Saudade
Lia Habel

O amor nunca morre.


O amor faz palpitar todos os corações… mas será capaz de fazer bater até o coração dos mortos-vivos? Poderá uma jovem vitoriana encontrar o verdadeiro amor nos braços de um corajoso zombie?
No ano 2195, em Nova Vitória (uma nação altamente tecnológica baseada nas maneiras, na moral e na moda da antiga era), uma jovem da alta sociedade, Nora Dearly, está mais interessada na história militar e nos conflitos políticos do seu país do que nos chás e bailes de debutantes. Contudo, após a morte dos seus pais, Nora fica à mercê da sua autoritária tia, uma mulher interesseira e esbanjadora que desperdiçou a fortuna familiar e agora pretende casar a sobrinha por dinheiro. Para Nora, nenhum destino poderia ser pior – até que sofre uma tentativa de sequestro por parte de um grupo de mortos-vivos.
Isto é apenas o início. Arrancada do seu mundo civilizado, vê-se subitamente numa nova realidade que partilha com zombies devoradores, misteriosas tropas vestidas de preto e «O Lázaro», um vírus fatal que ressuscita os mortos tornando o mundo num inferno.

Dos escombros de uma cataclísmica Idade do Gelo, surge uma nova sociedade construída com base nos costumes e na moral vitoriana.
Nora Dearly, uma jovem da alta sociedade neovitoriana, conhece Bram Griswold, um atraente soldado, corajoso, nobre… e morto, que apesar disso conserva a sua inteligência e todas as partes do seu corpo graças à sorte e à ciência moderna. E quando vínculo de confiança entre eles se transforma em ternura, não há como voltar atrás. Eles sabem que a separação é inevitável, mas até lá, batendo ou não, os seus corações terão o que desejam.

Sobre a autora:
Lia Habel é uma jovem escritora que mora no estado de Nova Iorque. Fascinada por filmes de zombies e pela era vitoriana, e colecionadora de livros vitorianos e eduardianos, aliou os seus conhecimentos ao curso de Literatura Inglesa e criou um surpreendente romance de mortos-vivos repleto de suspense e aventuras, loucamente criativo e com bastante comédia macabra à mistura, que irá redefinir para sempre o conceito de amor eterno.
Atualmente encontra-se a trabalhar no segundo livro desta série.

http://liahabel.com/


Informação: por motivos de alteração da agenda editorial da Contraponto, Dearly, Departed está adiado para Janeiro de 2012.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Crítica de Leitor: «Desculpa, Mas Quero Casar Contigo»

«Romance leve, fresco e divertido sobre a relação passional de Alex e Niki, que decidem casar depois de um surpreendente e bem preparado pedido de casamento, digno de um conto de fadas moderno.
Os amigos de Alex e as Ondas, amigas de Niki com as suas aventuras e desventuras afectivas preenchem um variado quadro de conflitos existenciais, semelhante a muitas outros que conhecemos na vida real.
Descontraído e despretensioso, com uma linguagem corrente, fluída e muito divertida, as eloquentes personagens cativam o leitor. Potencialmente indicado para um público jovem, feminino e sonhador.
Uma perfeita leitura de Verão que, apesar do volume do livro, se lê entusiasticamente.»
Segredo dos Livros

http://federicomocciaportugal.blogspot.com

Novos lançamentos de setembro

Em setembro a Contraponto lança grandes títulos a pensar nos leitores ansiosos pelas continuações das suas séries favoritas, e com vontade de se distraírem do regresso à rotina, depois de umas merecidas férias. Assim, e tal como prometido, chega às livrarias o quarto volume da série Academia de Vampiros, Promessa de Sangue, em que Rose Hathaway se defronta com uma decisão importante que poderá mudar o seu destino para sempre. A Contraponto lança também neste mês de setembro o segundo volume da série Frankenstein, de Dean Koontz, intitulado A Cidade das Trevas. E, claro, continuamos a acompanhar a corrida frenética de Callum Ormond, em Conspiração 365 – Setembro, disponível a partir de dia 2. Não deixe de consultar aqui todas as nossas novidades que marcam o início da rentrée.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Rentreé 2011

Depois das férias grandes, a Contraponto regressará com títulos prometedores para a rentrée de 2011.

Entre as novidades mais aguardadas destacam-se Promessa de Sangue, o quarto volume da série Academia de Vampiros, que está a conquistar os leitores portugueses; e A Cidade das Trevas, o segundo volume da série Frankenstein, de Dean Koontz.

Em outubro chega um livro que tem recebido grandes elogios por parte da crítica: O Longo Inverno, de Ruta Sepetys, sobre uma rapariga de 15 anos, Lina, que vê o pai ser separado da família pela polícia secreta soviética e enviado para um campo de concentração. Lina decide arriscar tudo, arranjando uma forma inventiva de enviar mensagens ao pai para lhe transmitir que a sua família ainda está viva.

Sangue Ruim, de Rhiannon Lassiter, estreia-se em novembro: numa casa abandonada, por trás da porta de um armário, existe um quarto de brincar escondido. Lá, debaixo de uma espessa camada de pó, há uma coleção de livros infantis em que os nomes das personagens foram violentamente riscados. Neste misterioso quarto, três crianças brincaram um jogo do faz de conta, sacrificando os seus sonhos e desejos para tornar realidade aquilo em que acreditavam. Mas o jogo nunca foi concluído e algo vagueia na floresta, por trás da casa, à espera, ávido pelo único alimento que conhece... Agora uma nova família muda-se para a casa e em breve ver-se-á envolvida naquele jogo. Sem conhecerem as regras, eles tornam-se peões ao invés de jogadores... Uma história simplesmente aterrorizadora e ao mesmo tempo viciante.

Estes são alguns dos títulos que não quererá perder a partir de setembro.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Curiosidades...

«– Sabes, Calpurnia, que a classe Insecta compreende o maior número de organismos vivos conhecidos pelo homem?
– Avô, ninguém me chama Calpurnia a não ser a minha mãe, e só quando estou metida em sarilhos.
– Porque não? É um nome muito bonito. A quarta mulher de Plínio, o Jovem, aquela com quem ele casou por amor, chamava -se Calpurnia, e o facto é que ele nos deixou algumas das maiores cartas de amor de todos os tempos. Também há uma planta da família Fabaceae, género Calpurnia, uma leguminosa muito útil característica do continente africano. Depois há a mulher de Júlio César, mencionada por Shakespeare. E assim por diante.
[...]»
A Evolução de Calpurnia Tate, Capítulo 2, pág. 27

Crítica: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«Calpurnia Tate é uma menina de onze anos, nascida no Texas e filha de boas famílias, a quem a tradição e a moral do século XIX predestinam o recato da vida doméstica, sem outros entretenimentos que não a gestão da copa e da cozinha – e a procura de um bom partido para casar. O tédio feito existência, dito de outra maneira. Porque Calpurnia Tate é também uma menina curiosa e inteligente, fascinada pelas descobertas científicas do século de Darwin, cuja natureza instintiva quer mais do que crescer entre barrelas de roupa e tartes de nozes pecã, por muito doces que estas sejam. Um avô naturalista, homem de poucas falas e nenhuma inclinação por crianças, vai ajudá-la a entender o vasto mundo que cabe entre o céu estrelado e um olhar microscópico, o mundo a que Calpurnia Tate escolheu pertencer. Não é líquido que o consiga, mas outra coisa não podemos desejar.

A Evolução de Calpurnia Tate é um belíssimo primeiro livro de Jaqueline Kelly, autora neozelandesa que se estreou a ganhar o Prémio Newbery, em edição da Contraponto. Para todas as idades.»
Carla Maia de Almeida, O Jardim Assombrado

As aventuras de Call

Em agosto a conspiração não para. Callum Ormond continua na sua corrida frenética pela sobrevivência e na sua luta para resolver o enigma que o coloca em situações de risco a todo o instante. Não perca! É o oitavo livro da série Conspiração 365. Em setembro a corrida continua…

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Crítica de Leitor: «Mecânica do Coração»

«Comecei a ler este livro e de logo fiquei impressionado com as personagens directas e belíssimas que nos são apresentadas! Para além do rapaz com o coração-relógio, temos a sua mãe adoptiva, uma parteira bruxa e que não se pode gabar muito da vida, um bêbado sem-abrigo com uma coluna de metal, duas prostitutas humildes, uma cantora com visão fraca...


Enfim, personagens apenas existentes numa lindíssima Edimburgo de 1874 (as descrições são tão belas, tão poéticas, que o que me deu mais pena foi não ter percorrido esta cidade).

É uma história em tudo surreal, em tudo encantadora. E não é um amor normal... Acho que a relação que se desenvolve entre Jack e a pequena cantora não é um conto de fadas, mas algo bastante sólido e específico. Não pode ser um amor normal, quando o rapaz pode morrer, literalmente, por amor...

A escrita de Malzieu é encantadora. Desde o início que sabemos que este conto nos vai iluminar, nos vai fazer suspirar um bocadinho. Escreve com tanta naturalidade... E a sua imaginação é única. A premissa do livro é magnífica e o seu desenvolvimento não me desiludiu de todo. Aliás, acho que tem o tamanho certo. Mais do que um livro para dar prazer, emociona-nos pelo sonho que é. E, como não podia deixar de ser, encontrei na improbabilidade das personagens, na surrealidade do enredo, pequenas lições de vida que nos deixam abismados, a reflectir...

Para concluir... Quando acabei este livro, não consegui pegar imediatamente noutro. Precisei de suspirar um pouco mais para além da última página. Um livro belíssimo, que como Le Soir bem disse, faz-nos querer comprar dezenas de exemplares para oferecer! Para reler.»
O Cantinho do Bookaholic

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Há uma certa ternura que transparece em muitas das histórias de Marc Levy e este livro não é excepção. Acompanhando o crescimento do protagonista e a sua eterna inocência, mudada pelos anos e pelo quebrar das ilusões, mas ainda assim, sempre presente, o autor constrói uma história terna e emotiva, contada de uma forma muito pessoal e num tom agradavelmente descontraído. A voz narrativa é a do próprio protagonista, sendo possível vislumbrar o seu crescimento na forma como a sua visão do mundo em redor se torna progressivamente mais realista. Mas a criança que falava com a sombra está sempre presente, nas falhas e nos sucessos, e há algo nas suas emoções - na esperança, na perda, naquele amor eternamente preservado - com que é impossível não simpatizar.


Curiosamente, a questão do roubo das sombras acaba por não ser o elemento principal da narrativa. Na verdade, o contacto com as sombras dos que rodeiam o protagonista funciona mais como um meio de descoberta para a vida e para os sonhos, surgindo na medida em que é necessário ao percurso pessoal do rapaz que se torna homem. Serve também como base para uma mensagem de liberdade: a necessidade de aceitar a vontade e os sonhos dos que nos são próximos, de deixar que tomem as suas próprias decisões, é uma das lições que o "ladrão" deste livro tem de aprender ao longo do seu percurso. Fica, pois, por um lado, a curiosidade em saber mais sobre um poder que acaba por não ser muito aprofundado, mas por outro, a impressão de que esse mesmo poder não é assim tão relevante.

Simples e terna, sem grandes elaborações, esta é, na sua essência, uma história comovente, onde o humor e a emoção se misturam para criar uma mensagem de grande emotividade. De amor, de sonho e de descoberta, o percurso da personagem que dá vida a este livro não exigiria nenhum poder especial para se aproximar do de qualquer outra pessoa. E, nesta leitura, o que realmente marca é essa tal realidade entrelaçada no toque de magia inicial.»
As Leituras do Corvo

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Imprensa: «Contos dos Subúrbios»

«Estranho em Terra Estranha



É o ilustrador do momento: recebeu o Óscar para Melhor Curta-metragem de Animação e foi reconhecido com o prestigiado Prémio Astrid Lindgren.

Com a mesma imprevisibilidade com que certos personagens irrompem nas histórias de Shaun Tan, chegam às livrarias, quase em simultâneo, dois títulos de um ilustrador multipremiado que também escreve – e bem. A culpa não pode ser do Óscar para melhor Curta-metragem de Animação atribuído a The Lost Thing, muito menos do Prémio Astrid Lindgren Memorial Award 2011, uma vez que estes só foram revelados em Fevereiro e Março. Coincidência ou não, a edição recente de Contos dos Subúrbios (Contraponto), logo seguida de A Árvore Vermelha (Kalandraka), não poderia usufruir de melhores circunstâncias. Agora, quando o leitor perguntar por Shaun Tan em português, vai ser confrontado com inevitáveis problemas de arrumação: será mais lógico procurá-lo na secção de livros para crianças ou na de banda-desenhada e novelas gráficas? Na ficção de autores estrangeiros ou de arte e design? Ou ainda, se tal existisse, na secção de “livros ilustrados para adultos”?

Todas as respostas estão certas, quando falamos de um autor que se aplicou com método na construção de um universo singular, ao ponto de agora recusar encomendas e participar em projectos colectivos com outros escritores ou ilustradores. Nada de estranho, talvez, para quem diz que cresceu “ensanduichado entre o vasto deserto e o vasto oceano”, a ler as short stories de Ray Bradbury e a desenhar extraterrestres, monstros e robôs, como qualquer adolescente imaginativo. A descrição do lugar aplica-se a Fremantle, Perth, Austrália, onde Shaun Tan nasceu em 1974. Esta condição periférica, que começa nas origens familiares (é filho de pai chinês, arquitecto) e se prolonga na vivência de um território visto como o “fim do mundo”, reflectiu-se num tema recorrente, de que o livro e o filme oscarizado é um bom exemplo: o sentimento de desajuste, de não-pertença e de perplexidade face ao mundo exterior. Embora o estilo de ilustração (ou a multiplicidade de estilos, a mais das vezes num livro só) provenha de um manancial onírico, as questões sociais e políticas, como o colonialismo ou a emigração, definem o seu statement ideológico de autor.

O conjunto da obra de Shaun Tan, que lhe valeu o Prémio Astrid Lindgren, atribuído na última Feira do Livro Infantil de Bolonha, orienta-se tanto pelos códigos da banda-desenhada como do picture book, mas a ruptura da sequência narrativa é uma das suas marcas autorais. Esta opção suscita controvérsia entre os seleccionadores mais ortodoxos de livros para crianças. A Árvore Vermelha, de 2001, apesar da capa algo inocentem esconde uma parábola sobre a fragilidade e o desamparo do ser humano, tendo como protagonista uma menina que vagueia por cenários inóspitos, surreais na aparência, mas emocionalmente vívidos. Contos dos Subúrbios, de 2008, reúne um conjunto de histórias em que o insólito da ficção científica se cruza com a melancolia dos quadros de Edward Hopper. Estranham-se, depois entranham-se. De Shaun Tan diz-se que não é um autor fácil nem óbvio, mas o que realmente se pretende dizer é que não faz livros cor-de-rosa. Daí que lhe assente como uma luva a definição de Peter Hunt: “Um bom livro infantil é um livro que faz todos, adultos e crianças, pensarem.”»
Revista LER

terça-feira, 19 de julho de 2011

Crítica de Leitor: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«Calpurnia Tate, ou Callie, uma encantadora e perspicaz menina de "quase" doze anos (tal como a própria evidencia variadas vezes) conta-nos, na primeira pessoa o seu processo de aprendizagem em tão tenra idade.

De personalidade carismática, extremamente inteligente e madura, a personagem principal não poderia estar melhor executada.
Atenta ao mundo que a rodeia, embora pertencendo a a uma sociedade ignorante, Callie busca a sabedoria no quente e aborrecido verão de 1899.
Através da sua propensão para a inovação e curiosidade em saber mais sobre a teoria d'A Origem das Espécies de Charles Darwin, estabelece uma relação forte e nunca antes pensada, com o seu avô. Este último, vem mostrar-se decisivo e influente na progressão e desenvolvimento da pequena Callie.
Dotado de uma narrativa que nos embala, este livro faz-nos querer participar nas aventuras de Callie, vendo com os nossos próprios olhos todos os elementos maravilhosos que nos são descritos.
Embora possa haver um certo exagero na maturidade de Callie, tendo em conta que se encontra num tempo em que a religião se sobrepõe à ciência, reconheço que a menina e o seu avô são duas mentes brilhantes, estimulando o leitor desde a primeira à última página, com as suas fascinantes personalidades e intelectos, assim como conseguem converter leigos na matérias em verdadeiro entusiastas da ciência.
Não esqueçamos que Callie vem de uma família do seu tempo, onde é a única rapariga no meio de seis irmãos.
Irmãos estes que, em muito, diferem da sua irmã, ocupando-se por assuntos mais triviais mas não menos importantes, como o amor.
Destaca-se, também, a mãe de Callie que se concentra em tornar a filha numa excelente futura matriarca, tentando lidar com a rebeldia da mesma.
"A Evolução de Calpurnia Tate" é, acima de tudo, uma estória de desenvolvimento pessoal, deixando portas abertas quanto ao futuro ao seu leitor. Essas mesmas portas são deixadas em aberto para a protagonista, terminando de maneira inacabada, deixando-nos curiosos em relação ao futuro de Callie.
Personagens reais e encantadoras à mistura de uma boa dose de conhecimentos e busca pelo desconhecido, são alguns dos ingredientes que temperam este excelente livro.
De leitura fácil e aprazível, "A Evolução de Calpurnia Tate" é um livro para todas as idades, para todas as mentes abertas à sabedoria, pois como sabemos, o conhecimento não ocupa espaço!»
Segredo dos Livros

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Consigo contar pelos dedos das mãos os livros que verdadeiramente me marcaram; aqueles livros que, de alguma forma, captaram de tal maneira a minha atenção que inevitavelmente me deixaram boquiaberta e totalmente extasiada, vibrando com cada palavra e cada acção das personagens principais. O Ladrão de Sombras é um deles... uma narrativa especial e única onde o leitor tem a oportunidade de ficar a conhecer uma genuína história sobre o amor, a solidão e a importância do momento.


Sem nunca antes ter experimentado a escrita de Marc Levy, desmotivada pela aparência de um romance excessivo ao estilo de Nicholas Sparks, parti para a leitura desta obra sem qualquer expectativa mas imensamente curiosa, cativada pela capa meio cartoon(ada) e pela sinopse de fácil ambiência mágica. Sequiosa por uma narrativa que oferecesse algo mais que uma simples reviravolta amorosa num universo de complicações e desencontros, encontrei em O Ladrão de Sombras uma história cheia de ternura e de momentos profundamente sinceros e verdadeiros, belissimamente descritos ao ponto de o próprio leitor se sentir compelido em ajudar e experienciar em primeira mão todo e qualquer acontecimento que trespasse os dias de infância e de vida adulta de um protagonista sem igual. De nome desconhecido, o «ladrão de sombras» transmite a sensação de ser a sombra de si mesmo e de todos nós, abrindo um pouco a visão do leitor face a excelência do que diariamente nos rodeia. Sem identidade própria as possibilidades são infinitas visto a ligação e empatia entre leitor e protagonista se tecer instantaneamente, precisamente no momento em que o primeiro se debruça sobre o medo que o segundo desesperadamente sente.

A primeira parte da narrativa é irresistivelmente acolhedora. O tom de Marc Levy mostra, neste livro, todo o seu poder e força em acarinhar o leitor; ele deslumbra-o e embala-o numa perspectiva muito íntima e pessoal, da visão de uma (ainda) criança, perante o seu lugar no mundo. O contacto inicial com alguns dos conceitos mais importantes e que o acompanharão durante toda a sua existência, como é o caso do amor, da amizade e da amargura da culpa, é descrito de forma irrepreensivelmente sublime o que torna automático o envolvimento por parte daquele que o está a descobrir pela primeira vez.
É neste vislumbre preambular de um «ladrão de sombras» impecavelmente sabido e preocupado que o leitor se vê perante um exercício quase obrigatório de reflexão. O lado mais inocente e puro de uma criança perante as imprevisibilidades e inconstância da vida, as ideias e pensamentos que transmite em relação aos assuntos mais banais e mais complicados – como, por exemplo, o lidar com uma família momentaneamente ausente, o explicar do aparecimento de uma sombra que não a sua, o encarar o primeiro amor e, consequentemente, a primeira desilusão amorosa... ou, até, o estranho e peculiar primeiro confronto escolar – levam a que o leitor recue aos seus tempos de infância onde, também ele, se debruçava de igual forma sob essas mesmas dúvidas e conformidades. Provocando no leitor uma tal nostalgia e saudade que o invade de tal forma intensa que a própria experiência com a narrativa se vê elevada a um nível completamente novo e inesperado. Em contrapartida, a segunda parte da história de O Ladrão de Sombras define-se por uma mensagem totalmente diferente – o leitor vê-se frente a frente, em parte, com o resultado de um egoísmo natural e inerente ao crescimento físico e mental. É nesta altura, quando a inocência é perdida, que o adulto acaba por descurar um pouco aqueles que outrora foram (e provavelmente ainda o são) os elementos mais importantes e essenciais das suas vidas. A solidão e o desejo de independência tomam conta da personagem principal – e do leitor – levando-o a reflectir sobre as suas acções passadas. É infinito o impacto que uma simples palavra ou gesto pode ter numa pessoa e, infelizmente, na maioria das vezes não temos total consciência da magnitude dos nossos actos e escolhas. Decisões que podem, com relativa facilidade, revirar de pernas para o ar aquilo que detínhamos como certo.

Em termos narrativos a mensagem é bastante clara: o «ladrão de sombras» tenta, por uma série de iniciativas, acções, medos e vontades mostrar que são as pequenas coisas que realmente nutrem significado, que nos ficam eternamente gravadas na memória e que nos fazem genuinamente sorrir e sentirmo-nos bem e felizes quando lembradas.

As personagens, diversificadas e distintas entre si, são outro ponto forte de O Ladrão de Sombras. Destaco Cléa que, para além de magnificamente caracterizada e emotiva, é igualmente marcante e especial. Embora não tenha o poder de roubar as sombras e descobrir silêncios e ambições através delas, também ela esconde um segredo e será através da sua condição diferente que permitirá não só uma conciliação do protagonista com o seu próprio fantasma como a transmissão de uma série de sentimentos e afinidades de uma forma única e harmoniosa.

O «ladrão de sombras» é, decididamente, espectacular. O seu intelecto e criatividade tornam-no numa personagem não só tocante como cativante. O leitor sente-se imediatamente em sintonia com ele. Senti-me, semelhantemente, acorrentada a Luc, tanto em jovem como em adulto, com o seu humor negro e simpatia presente assim como Sophie pela desilusão iminente e pela sinceridade e desejo enorme que tem em ser aceite e em captar a atenção de o «ladrão de sombras». Finalmente, ponto também positivo para Yves que, aparentando um ar misterioso e até algo mágico no captar escrito de uma criança exerce uma afinidade muito própria e segura com o leitor.

O Ladrão de Sombras apresenta-se assim como um livro particularmente bem escrito e onde podem ser encontrados os principais e mais valorizados conceitos para a sobrevivência humana. Um livro que, de certo modo, faz um esforço por abrir os olhos de um leitor desatento, ainda que por um especialmente único meio de ficção.

Uma escrita inocente, mágica e envolvente... com um protagonista brilhante e profundo. Um livro que não deixará ninguém indiferente. Uma aposta muito forte da Contraponto. A não perder!»
Pedacinho Literário