O mais célebre espião de todos os tempos surge numa série de histórias curtas em edição exclusiva, marcando o relançamento da colecção James Bond.
James Bond, o mais célebre espião de sempre – conhecido como agente secreto 007 –, tornou-se numa figura icónica, um património do imaginário da cultura popular do século XX. Criado pelo aristocrata inglês Ian Fleming, ele próprio familiarizado com as contingências do serviço de espionagem britânico, nasceu no universo literário, mas rapidamente saltou para a sétima arte, onde foi encarnado por diversos actores, numa passagem de testemunho geracional, extensível à actualidade.
Fleming criou um paradigma blasé do espião. É esse espírito que os livros de Fleming transmitem, mas sem algum do folclore do avatar cinematográfico da figura, comportando maior densidade psicológica na interacção das personagens, apoiados numa escrita fluida e de impecável solidez estilística. Quantum of Solace, que a Contraponto lança com uma deliciosa capa vintage, marca o arranque do relançamento da colecção James Bond e comprova estas premissas. Trata-se de uma edição especial contendo nove histórias curtas protagonizadas pelo agente 007. No terceiro conto, que a edição portuguesa intitulou Refrigério Essencial (no original precisamente Quantum of Solace), Bond permanece, ao contrário do habitual, como espectador de uma história sobre os dramas humanos, escondidos atrás de uma fachada de aparente normalidade. Nesta história, a todos os títulos invulgar e ilustrativa do talento de Fleming, há uma linha temática de reflexão: a de que as relações entre duas pessoas sobrevivem a tudo menos ao insulto ou ao ataque ao “instinto de autopreservação”.
Cinco destes contos foram originalmente publicados em Abril de 1960, sob o título de For Your Eyes Only (que baptizaria o filme homónimo, assim como Quantum of Solace emprestaria o nome a outra película), marcando um ponto de viragem para Ian Fleming, que antes da publicação destas histórias curtas já tinha escrito romances extensos protagonizados por James Bond.
Esta edição portuguesa acrescenta outros contos ao elenco, reunindo-os sob um título genérico, diferente do original de 1960. Um livro de pura diversão, misturada com argúcia q.b. provando que estas histórias são como o vinho do Porto, as eventuais rugas da idade assentam-lhes na perfeição e acentuam-lhes o bouquet.»
Paula Macedo, Focus, 14 de Abril de 2010
.
Sem comentários:
Enviar um comentário