quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Crítica de Leitor: «O Ladrão de Sombras»

«Um dos livros mais lindos que tive o prazer de ler até hoje. O Ladrão de Sombras tem a capacidade de roubar emoções como muito poucos o conseguem. Esta é a história de um rapaz que se tornou homem e que, enquanto homem, nunca conseguia afastar-se da sua sombra de rapaz. Repleta de ternura e amor, esta é uma narrativa maravilhosa, que nos conta os contornos do crescimento e evolução do ser humano, da sua capacidade emotiva de sentir e compreender o amor em todas as suas formas. Marc Levy tem uma escrita genialmente simples e é através da pureza das suas palavras que tão facilmente cativa e conquista o leitor que, enfeitiçado na sua trama mágica, se deixa afundar nas suas páginas com o desejo de não mais regressar.

O nosso protagonista tem o dom de ouvir e receber as sombras dos que o rodeiam, e se na sua infância isso foi um problema grave e incompreensível, com a maturidade revelou-se uma necessidade constante para poder ajudar o próximo e obter conhecimento próprio. Percorrendo mais de uma década somos levados entre os dramas da infância, na escola primária, e os devaneios de um jovem adulto que não se consegue concretizar, mas ainda assim trilhando os caminhos mais belos, complicados e acessíveis, do amor por todos os que lhe são próximos e aprendendo as mais bonitas lições.
Este foi o primeiro de muitos livros que desejo ler de Marc Levy. Com as lágrimas secas na face é para mim fácil divagar pelas ruas e os locais que fizeram do protagonista desta história um homem e que ficarão com certeza retidas na minha mente e na de todos aqueles que tiverem a oportunidade de ler esta obra. Parte da magia, da essência, que nos retém neste livro passa pela capacidade do personagem principal de ouvir e ver as sombras dos que com ele se cruzam. Uma sombra é como uma alma que fala mais do que o corpo consegue transmitir e o alcance que se atinge quando se tem esse dom é impressionantemente forte, arrebatando o nosso jovem desde muito cedo.
Entre a vontade e o medo de sentir, muitos são os dramas reais que vivemos na primeira pessoa durante a narrativa, quer seja um primeiro amor, uma paixão, um melhor amigo, ou mesmo um drama familiar, todos eles de uma forma ou de outra fizeram ou fazem parte de cada um de nós e a forma magistral como estão transcritos expõem a magnificência que esta historia transporta.
As personagens secundárias são como uma cereja no topo de um bolo que por si só é irresistível e apaixonante, e a capacidade, quase irreal, que o autor tem de reproduzir dramas reais na mentalidade de uma criança conquistam-nos sem qualquer tipo de pudor. Senti-me completamente fascinada por Luc, Sophie ou Cléa, pela forma como todos eles, cometendo erros altamente, simplesmente, humanos se tornam ainda mais próximos dos nossos corações.
O Ladrão de Sombras não pode ser descrito para não perder o seu encanto e esse é um facto irrefutável, no entanto não posso deixar de o aconselhar a todos aqueles que tem a capacidade de se deixar arrebatar por uma história surreal e agridoce, que não é mais do que um conto de fadas humano em que a magia está pura e simplesmente na forma de sentir.
Esta é uma opinião muito emotiva da minha parte como leitora, mas não posso deixar de vos falar da escrita de Marc Levy que sem dúvida vos marcará, crua e bela, aproxima-se de cada um de nós como um sussurro que permanece no ouvido. Cuidada e simples fluí a uma velocidade surpreendente e quando terminada a história fica a eterna saudade da perda e da conquista plena.
Dito isto, esta é uma leitura que aconselho fervorosamente, que irá repousar ao lado de A Mecânica do Coração, duas obras publicadas pela Contraponto que marcam um leitor por tempo indeterminado devido a tudo o que conseguem transmitir em narrativas soberanas e apaixonantes. Recomendo.»
Blogue As Histórias de Elphaba

1 comentário:

Anónimo disse...

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