terça-feira, 12 de junho de 2012

Crítica de Leitor: «Sangue Quente»

«Confesso que estava um pouco céptica em relação em relação a "Sangue Quente", pois este novo conceito do uso de zombies como personagens românticas, ou com algum tipo de objectivo que não a retratação de um ser assustador e ameaçador, era algo quase que impensável para mim... Pois como iriam "romantizar" seres cadavéricos sem o calor dos lobisomens, ou o charme dos vampiros?

Isaac Marion leva-nos para um mundo destruído e divido entre Mortos e Vivos, que se encontram em guerra pela sobrevivência das respectivas espécies.
Um mundo em que a devastação é corriqueira, onde os Vivos se isolam em fortificações, sobrevivendo com dificuldades, enquanto que os Mortos (leia-se zombies e os seus guias, Ossudos) se encontram no exterior, caçando sempre que têm fome, e provocando mais medo e infestação.
Em "Sangue Quente", os zombies são exactamente como os conhecemos: criaturas cadavéricas, com o mínimo de inteligência, sem qualquer memória das suas vidas antes da infecção, com andares cambaleantes e que têm como dieta a carne humana.
R, o protagonista do livro, e a partir deste momento, o meu zombie favorito, tal como os outros da sua condição, não sabe quem é, de onde veio, ou o que fazia, mas, ao contrário dos seus iguais, manteve a sua inteligência intocável, embora a dicção fosse um grande problema.
Numa das caçadas do seu grupo, R conhece Julie, após matar o seu namorado Perry, e é aí que tudo muda para estas três personagens.
Perry morre, mas continua vivo dentro de R, ajudando o zombie na descoberta do seu novo "eu", na sua mudança para alguém que sente, que vive, que ama. Desenvolve-se uma relação de cumplicidade e inevitabilidade entre Perry e R, que comove o leitor, mantendo-nos agarrados a estes dois, esperando que lhes seja feita justiça, com um final digno de ambos, coisa na qual Isaac Marion não falhou!
R entra subitamente na dita mudança, com a ajuda de Perry e Julie, que com o seu afecto e esperança, provoca em R sensações que ele jamais pensou voltar um dia a sentir.
R é uma personagem extremamente culta e promissora, muito bem estruturada e como narrador, não poderia ser melhor! Um grande aplauso ao autor, que conseguiu manter uma narrativa interessante pelos olhos de um zombie, algo de que me teria rido com incredulidade até ler "Sangue Quente".
Por fim, temos Julie, uma jovem atraente de 19 anos que perde o seu namorado numa missão, onde conhece R, que a salva e a acolhe em sua casa.
Julie foi a personagem com que menos me identifiquei, devido à sua inconsistência... ora muito madura, ora demasiado infantil para os seus sofridos 19 anos.
Quanto à leitura, fora difícil nas primeiras 80 páginas, pois por mais interessante e culto que R fosse, a sua mente continuava estagnada como seria de esperar de um zombie, reflectindo-se na acção, tornando-a um pouco enfadonha e difícil de digerir.
Mas, após esse período, R muda, e a acção dá uma volta de 360º que me manteve agarrada até ao final. Agora, R e Julie têm nas mãos o poder de tentar mudar o mundo!
A leitura torna-se fácil, rápida e fluída, com muita acção e violência, erradicando-me do pensamento qualquer réstia de ideia pré-concebida que estava perante outro livro de adolescentes. "Sangue Quente" é um romance, mas para mentes maduras, devido aos conteúdos explícitos e violentes que nele figuram. Não me interpretem mal, são esses conteúdos que me fazem gostar do livro, mas para leitores susceptíveis ou de idades menores, talvez não seja indicado explorarem esta obra.
"Sangue Quente" foi uma grande surpresa, pela positiva. A Contraponto está de parabéns, pelo seu trabalho na tradução, assim como por não ter medo em arriscar!
Agora é esperar por Agosto, e rezar para que o filme esteja ao nível do livro!»
Joana Nunes, Segredo dos Livros

2 comentários:

slayra disse...

Perguntei-me exatamente o mesmo. Também estava com algum medo de ler este livro, mas o autor surpreendeu-me. :)

Anónimo disse...

vampire academy