«Degredo na Sibéria
É uma página esquecida da História, das repúblicas bálticas, Lituânia, Letónia e Estónia, anexadas pela URSS, na sequênci da partilha feita com o Reich alemão, em 1941. Ruta Sepetys, nascida no estado de Michigan, é descendente de refugiados lituanos e dispôs-se a recuperar a memória do calvário que milhares de pessoas padeceram ao serem deportadas para a Sibéria. Recolheu inúmeros testemunhos e teceu uma história exemplar desse tempo, quando os sicários de Estaline prenderam homens, mulheres e crianças, na sua maioria pertencentes às classes profissionais e cultas, medida que qualquer regime totalitário não descura para inviabilizar que no tecido social permaneça um módico de inteligência. A vida no gulag, o "arquipélgado" da infâmia, está hoje em dia bastante bem documentado. Mas ainda há histórias para contar, e não só naquela parte do mundo. Elegendo a vida de uma família, a autora sintetiza uma vivência feita de horrores quotidianos, pequenos e grandes gestos de abnegação, coragem e destemor face às condições de cativeiro, num ambiente e clima inóspitos. A jovem de 16 que toma a condução de O Longo Inverno (Contraponto, tradução de Susana Sousa e Silva) recolhe, sobrevive e testemunha a vida de quem já não existia enquanto humanidade de pleno direito. "Existiam milhares de pessoas como nós, quase todas morreram", escreve a protagonista desta versão romanceada do período negro. "Este testemunho foi escrito para que haja um registo completo, para poder falar num mundo onde as nossas vozes foram silenciadas".»
Revista LER
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