«Quem diria que um comediante escreve um bom policial... Pois, se Giorgio Faletti desperta sorrisos e gargalhadas a muitos, a outros consegue arrancar arrepios, indignação e tensão!
Eu Mato conta a história de um serial killer bastante sórdido, que liga para um programa de rádio a anunciar o homicídio, deixando uma música como pista para a identificação da potencial vítima.
Nas primeiras páginas do livro, são apresentadas as personagens, com quem imediatamente sentimos empatia, o menino com problemas mentais que acompanha religiosamente os programas e as músicas da rádio, Pierrot e Jean-Loup Verdier, o apresentador desse mesmo programa. Também o agente do FBI Frank Ottobre,que estava em Monte Carlo, debatendo-se com os seus próprios fantasmas e, aliado ao amigo, o delegado de polícia Nicolas Hulot, decide que dará um fim à matança. Mas não só estas personagens aguçam a curiosidade do leitor, o que terá a esconder a misteriosa Helena Parker?
No que concerne a descrições de personagens, tenho a referir que até as vítimas são tidas em conta. Assim, todas elas têm uma personalidade, uma maneira de estar na vida que, normalmente, não são aspectos tão enfatizados numa personagem de literatura policial.
E não são só descrições de personagens, o autor prima pelas referências de pormenores a locais e a situações. A descrição no romance policial é sempre algo ambíguo: se, por um lado, o leitor quer imediatamente passar à acção, descurando os pormenores descritivos, por outro esta componente facilita um visionamento da acção na nossa mente, tal como um filme!
No que diz respeito ao serial killer, este é uma mistura entre o famigerado Ed Gein e Hannibal Lecter. Um dos aspectos mais relevantes do livro é a sua análise do perfil psicológico e o encaixe deste com a tipologia dos crimes, muito sangue e rostos mutilados. Denotei que o autor utiliza uma linguagem diferente nas falas desta personagem quando faz os telefonemas para a rádio, comparativament e aos demais personagens, facto que ajuda o leitor a sentir-se mais irrequieto, tenso e desconfiado. Achei que os telefonemas, ainda que breves, tinham um cariz perturbador e conseguiram deixar-me inquieta. Quanto às músicas escolhidas para cada vítima, devo dizer que o autor fez uma ligação bastante inteligente e que não era assim tão imediata.
Inicia-se então uma verdadeira caça ao homem, cujos homicídios são bastante gráficos, encontrando-se descritos ao pormenor, havendo pelo meio algumas peripécias surpreendentes.
Gostei do desfecho, conhecer a identidade do serial killer e o seu background, a sua infância e o desenvolvimento como indivíduo na sociedade.
Fico a aguardar atentamente o segundo livro do autor, intitulado "Eu sou Deus". Recomendo vivamente, é uma excelente leitura!»
Vera Brandão, Segredo dos Livros
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